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Arthur Neto alertou para a interiorização da covid-19 no Amazonas: ‘interior vai explodir’

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), alertou, em entrevista ao portal Uol, nesta segunda-feira, dia 15, para a interiorização da covid-19 no estado do Amazonas. Segundo ele, quase todos os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Estado e da capital estão ocupados, mas Manaus tem uma situação “menos complicada”.
“Falo ao governador [Wilson Lima, do PSC]: o interior vai explodir”, disse Virgílio Neto em participação no UOL Entrevista. “Nós não temos [fila para a UTI]. Hoje chegou um pessoal do interior, ia fazer o quê? Abrir [leito] e atender. O interior está sem defesa”, completou.
Arthur disse ainda estar preocupado com os povos tradicionais da Amazônia. “Eu creio que Manaus sai da crise, seus índices estão caindo, mas acredito que haverá uma propagação grande no interior e nas comunidades indígenas”, disse o prefeito. “Já me coloquei à disposição do governador [do Amazonas, Wilson Lima] para fazermos uma frente de atenção a essas populações”, destacou.
O prefeito de Manaus afirmou, em entrevista, que ficou com “medo de decretar lockdown” – medidas restritivas radicais para manter o isolamento e tentar reduzir a curva de contaminação da covid-19, na cidade e “sair desmoralizado”.

Na ocasião, o prefeito de Manaus também pediu cautela à população da capital, para evitar um novo pico de casos. Ele confirmou uma queda no número de sepultamentos, que na segunda quinzena de abril superava a média de cem enterros diários. “Chegamos a 59, 60 por dia, mas ainda não é o momento de relaxar”, alertou.

 

Segundo Arthur Virgílio, Manaus precisa manter as medidas preventivas e o isolamento social. Ele também chamou atenção para as dificuldades de se atender em massa os doentes dos demais municípios do interior do Amazonas, por conta do deslocamento dos mesmos para a capital. Nesses municípios, a situação do sistema de saúde é precária e a maioria não tem UTIs.

 

“A situação do interior me preocupa muito e também a situação das populações indígenas”, disse.

 

O prefeito de Manaus tem sido um dos nomes mais procurados pela imprensa para falar sobre o caos da pandemia no Amazonas, até agora considerado o epicentro da doença na região amazônica, por conta de seu pedido de ajuda internacional.

 

“Pedi ajuda aos dirigentes mundiais porque precisamos de remédios, equipamentos de proteção individual, equipamentos médicos”, disse o prefeito, revelando que não recebeu respostas concretas desses líderes. Mas destacou a ajuda recebida da Bélgica, que doou alimentos e produtos de higiene, do interesse do Portugal em ajudar e da ambientalista Greta Thunberg, que divulgou um vídeo fazendo um apelo em favor dos moradores da Amazônia. “Ela tem nos dado muita atenção”, afirmou Virgílio em entrevista, também nesta segunda-feira, ao Jornal de Notícias (JN) de Portugal.

 

Arthur responsabilizou o presidente Jair Bolsonaro pelo agravamento da crise no país, por conta de seu “discurso mal-intencionado e de adolescente”, como definiu. “No Brasil, faltou a presença do líder”, criticou o prefeito de Manaus, comparando a situação brasileira com a de Portugal, onde houve respostas eficientes à pandemia e o país não ficou nem próximo a registrar o caos que houve na vizinha Espanha.

 

Conselho da Amazônia

 

Arthur Virgílio Neto lamentou, ainda, a inexistência de políticas públicas e o desconhecimento do atual governo federal sobre a Amazônia e disse que está pensando, seriamente, em ir à próxima reunião do Conselho presidido pelo vice-presidente Mourão, para se fazer ouvir sobre as questões ambientais, econômicas e sociais. “Nós temos muitas coisas boas a produzir aqui na área de desenvolvimento sustentável e de aproveitamento da biodiversidade. Aqui não tem lugar para agroindústria, muito menos para garimpo, nem em terra indígena e nem em lugar nenhum”, pontuou.

 

Virgílio – que nos últimos dias se posicionou como opositor ao governo Bolsonaro, por conta do vazamento de parte do vídeo da reunião ministerial onde o presidente teria feito ofensas a ele e ao seu pai, o senador Arthur Virgílio Filho – afirmou que não acredita em autogolpe. “O Brasil já está suficientemente amadurecido e não acredito que os militares se deixem embelezar com essas ideias. O Bolsonaro é uma nuvem que vai passar em nossas vidas”, disse.

 

Arthur disse que observou a movimentação de domingo, 17, em Brasília, durante a manifestação pública em que os manifestantes estavam sem máscaras. E instigado pelo jornalista, Arthur voltou a responsabilizar o presidente por mortes durante a pandemia. “Se ele [Bolsonaro] vai para as ruas e induz as pessoas a ir para as ruas, ele é diretamente responsável por provocar mortes nessa pandemia”, afirmou. “Sem nenhuma dúvida ele colaborou, sim, para abarrotar os hospitais, pelas mortes”, concluiu.

 

O prefeito também concedeu entrevista para a colombiana W Rádio, com redes no México, Los Angeles, Panamá e Chile.

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