*Da Redação Dia a Dia Notícia
Depois de ter sofrido ataques racistas durante um show realizado em Porto Alegre na última sexta-feira (14), o cantor Seu Jorge falou sobre o ocorrido pela primeira vez na noite da segunda-feira (17).
Tendo ao fundo a bandeira do Rio Grande do Sul, o artista iniciou um desabafo fazendo uma verdadeira reverência ao estado, ressaltando os grandes artistas que lá nasceram, enfatizando a maneira como sempre foi recebido, motivo pelo qual o indignou ter sido alvo de tais ataques. Ele ainda defendeu políticas públicas de inclusão da população negra e de combate ao racismo.
“O que eu presenciei foi muito ódio gratuito e muita grosseria racista. Não era a cidade que eu reconheci, a cidade que eu comecei a amar e respeitar. Não era a cidade que eu conhecia”, afirmou.
No vídeo de nove minutos, o cantor carioca de 52 anos relatou que não viu pessoas negras entre as convidadas do evento, um jantar realizado ao Grêmio Náutico União. Ele havia sido contratado para cantar na reinauguração do Salão União, que passou por reformas este ano. Negros somente entre funcionários do clube.
“Particularmente, não vi nenhuma pessoa negra no jantar. E as pessoas negras que eu encontrei foram somente os funcionários que, uma coisa que causou muita espécie, eu ouvi dizer que eles estavam proibidos de olhar pra mim ou falar comigo quando eu chegasse no local do show”, enfatizou ele.
Clube emite nota
Em nota, a diretoria do Grêmio Náutico disse que está apurando internamente os fatos e que, se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados.
“O Grêmio Náutico União está apurando internamente os fatos ocorridos em evento realizado no dia 14 de outubro, durante apresentação do cantor Seu Jorge. Se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados. Afirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação.
Ressaltamos que Seu Jorge foi o artista escolhido para realizar show com a presença de associados e não-associados do Clube, considerando sua representatividade na cultura nacional e pelo reconhecimento internacional, e destacamos nosso respeito ao profissional e ao seu trabalho”, dizia a nota escrita pelo presidente do Grêmio Paulo José Bing.
Investigação
A delegada Andréa Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância, confirmou que instaurou inquérito policial pelo crime de racismo, que independe de representação por parte da vítima.
“A polícia decidiu fazer isso em virtude das inúmeras denúncias que estão chegando até nós e claro, de tudo o que está nas redes sociais. Óbvio que só com desenrolar das investigações, nós teremos confirmação de que houve o delito de racismo e não de injúria”, afirmou.