O premiê britânico, Boris Johnson, deve detalhar nesta segunda-feira (22) como serão os primeiros passos da saída gradual do lockdown imposto na Inglaterra para conter o avanço do coronavírus. As diretrizes também servir de base para os demais países que formam o Reino Unido, conforme a matéria da Folha de S. Paulo.
A partir de 8 de março, as escolas devem reabrir no país e, no final do próximo mês, encontros entre amigos e familiares serão permitidos pelas autoridades, como resultado de uma queda nos casos de Covid-19, auxiliada por uma das campanhas de vacinação mais rápidas do mundo.
“Hoje estarei traçando um roteiro para nos tirar do lockdown com cautela”, escreveu Boris, em uma publicação no Twitter.
“Nossa prioridade sempre foi trazer as crianças de volta à escola, que sabemos ser crucial para sua educação e bem-estar. Também priorizaremos maneiras de as pessoas se reunirem com seus entes queridos com segurança.”
Com mais de 120 mil mortes por Covid-19, o Reino Unido é o quinto país com o maior número de óbitos no mundo, atrás de Estados Unidos, Brasil, México e Índia. Mas o ritmo acelerado das vacinações no país associado a um rígido bloqueio nacional —o terceiro do tipo na Inglaterra, que já dura 49 dias— colaboraram para uma queda significativa no número de novas infecções.
Quando Boris decretou o bloqueio, em 4 de janeiro, a média móvel de casos diários beirava os 55 mil. Cinco dias depois, alcançou o pico de 59 mil, o maior já registrado no Reino Unido desde o início da pandemia.
A partir de então, iniciou-se um declínio acentuado na curva de infecções e, segundo os dados mais recentes compilados pela Universidade Johns Hopkins, a média móvel estava em 11,2 mil no último sábado (20) —o que representa uma queda de aproximadamente 81% no período mencionado.
Ainda assim, o premiê britânico tem adotado uma postura mais cuidadosa se comparada ao que se viu no passado.
“Nossas decisões serão tomadas com base nos dados mais recentes em cada etapa e seremos cautelosos quanto a essa abordagem para não desfazer o progresso que alcançamos até agora e os sacrifícios que cada um de vocês fizeram para se manterem seguros”, disse Boris.
Embora alguns detalhes do plano, como a reabertura das escolas inglesas, já tenham sido antecipados por ministros, o premiê deve apresentar o plano completo ao Parlamento britânico na tarde desta segunda. Autoridades da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que são responsáveis por suas próprias políticas de saúde pública, também deve reduzir as restrições nos próximos meses.
Segundo Nadhim Zahawi, ministro responsável pela campanha de imunização britânica, a reabertura das escolas já está prevista para 8 de março. Desde 5 de janeiro, apenas alunos considerados vulneráveis e filhos de trabalhadores de setores essenciais estão tendo aulas presenciais, enquanto todo o restante permanece em ensino remoto.
Ainda de acordo com Zahawi, na mesma data da reabertura, duas pessoas de famílias diferentes terão autorização para se encontrarem ao ar livre. A permissão de socialização para grupos maiores, de até seis pessoas, está prevista para 29 de março, quando também poderão ser retomados os esportes ao ar livre.
Boris tem enfrentado dupla pressão no processo de reabertura. De um lado, colegas do Partido Conservador insistem em uma retomada da economia para recuperar a perda estimada em US$ 3 trilhões (R$ 16,5 trilhões), a pior do país em 300 anos. De outro, a comunidade científica teme novas ondas de contaminação por coronavírus se o fim do lockdown for acelerado demais.
Segundo o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, haverá pausas de algumas semanas depois de cada passo em direção à reabertura pra reavaliar possíveis impactos dos relaxamentos, de modo que o cronograma pode ser alterado de acordo com o cenário epidemiológico do país.
Espera-se que Boris também condicione a flexibilização a fatores como a velocidade e o sucesso do programa de imunização, os índices de infecção e o impacto provocado pelas variantes do coronavírus.
O Reino Unido aplicou cerca de 18,2 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 até o último sábado (20), o que coloca o país atrás apenas de Estados Unidos, China e União Europeia no ranking de nações com o maior número absoluto de doses aplicadas.
Já na lista proporcional ao tamanho de cada população, o Reino Unido aparece na terceira posição, logo após Israel e Emirados Árabes Unidos.