*Da Redação Dia a Dia Notícia
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) virou alvo de uma investigação aberta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O inquérito busca apurar declarações dadas pelo senador na última semana sobre um plano golpista envolvendo também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), preso recentemente. A investigação irá determinar se Marcos do Val cometeu crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo após dar declarações divergentes a diferentes veículos da imprensa, em live nas redes sociais e em depoimento à Polícia Federal.
A primeira fala sobre a suposta articulação golpista ocorreu durante uma live nas redes sociais, onde Marcos do Val discutia com integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL), que o acusava de ter “traído” Rogério Marinho (PL-RN) e votado em Rodrigo Pacheco (PSD-MG), candidato apoiado pelo governo Lula (PT), para a presidência do Senado Federal.
Para o ministro Alexandre de Moraes, as versões de Marcos do Val são “todas entre si antagônicas”.
“O senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento, bem como a apuração dos crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo”, escreveu.
Moraes pediu ainda a íntegra do depoimento de do Val à PF, dos áudios gravados pela revista Veja com as declarações do senador e das entrevistas dadas pelo parlamentar aos canais CNN Brasil e GloboNews. O ministro também pediu à Meta, controladora do Instagram, que encaminhasse o inteiro teor da transmissão ao vivo feita pelo senador, na qual afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro o teria coagido.
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Contradições
Desde suas primeiras declarações, Marcos do Val acumula pontos contraditórios sobre o plano golpista que envolvia Bolsonaro e Daniel Silveira. Primeiramente, afirmou que teria sido coagido a incriminar o ministro Alexandre de Moraes, de forma que ele fosse afastado dos inquéritos envolvendo o ex-presidente e fosse declarado parcial no julgamento das eleições de 2022.
Até o momento, do Val mudou sua versão sobre o papel do ex-presidente Bolsonaro na trama, as conversas que teria tido com Moraes, as atitudes que tomou quanto ao caso e o local de encontro entre Bolsonaro e Daniel Silveira.
Na live com os integrantes do MBL, do Val afirmou que uma “bomba” seria revelada na revista Veja no dia seguinte, na qual acusava Bolsonaro de coação. Contudo, em entrevista às redes de televisão, o senador capixaba baixou o tom e disse que usou “uma palavra que não deveria ter usado”.
Durante entrevista à Veja, o senador do Podemos disse que enviou uma mensagem para Alexandre de Moraes em 12 de dezembro, três dias depois do encontro com Bolsonaro e Silveira, reunindo-se com o ministro no dia 14 para narrar a reunião. Posteriormente, Marcos do Val entrou em contradição e disse que se reuniu com o ministro antes da conversa com Bolsonaro, e que teria tido aval de Moraes para encontrar os dois.
Outra contradição foi o local da reunião. Inicialmente, Marcos do Val afirmou que reuniu-se com Bolsonaro e Silveira no Palácio da Alvorada. Em seguida, disse que a reunião ocorreu na Granja do Torto, segunda residência oficial. À Folha de S. Paulo, o senador mudou o local outra vez, dizendo que a reunião ocorrera no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente.
