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Após 1 mês, 60% da população indígena foi imunizada contra a Covid-19

Pouco mais de um mês após o início da imunização contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, cerca de 60% dos indígenas com mais de 18 anos atendidos pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) receberam a primeira dose da proteção.

A taxa de vacinação, publicada na plataforma Localiza SUS, alimentada pela pasta com o panorama do enfrentamento da doença no país, mostra que 243 mil indígenas tomaram a primeira dose e 80 mil já completaram o ciclo com o reforço.

Ao todo, segundo o Ministério da Saúde, serão imunizadas 409 mil pessoas dessa parcela da população.

“A meta é vacinar 90% do público-alvo, porém, não há uma data única para finalizar o processo de vacinação, já que cada DSEI [Distrito Sanitário Especial Indígena] se organiza de acordo com a realidade de logística e atendimento em área”, explica, em nota.

Monitoramento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) mostra que 49.331 indígenas tiveram Covid-19, sendo que 973 morreram. Ao todo, 162 povos foram afetados.

Os dados referentes às doses aplicadas e coberturas vacinais da população indígena das aldeias estão sendo disponibilizados, mas segundo o Ministério da Saúde, como os locais são de difícil acesso, pode ocorrer lentidão.

“Como nas áreas mais remotas não há sinal de celular ou acesso à internet, ainda há dificuldades de registro imediato na inserção das doses no Sistema de Informação do PNI [Programa Nacional de Imunizações]”, explica.

A vacinação de povos indígenas começou em 19 de janeiro. O Metrópoles acompanhou o início da ação sanitária em Tabatinga, município amazonense distante 1,1 mil quilômetros de Manaus.

Indígenas da aldeia Umariaçu foram os primeiros a receberem a proteção. Isabel Bruno Cezário, 68 anos, da etnia Ticuna, foi a primeira a ser vacinada contra a Covid-19 no local (foto em destaque).

Doses reservadas

O país enfrenta escassez da vacina. Contudo, o governo garante que os insumos necessários para a vacinação de povos indígenas estão reservados e que não existe o risco de desabastecimento.

“Todas as doses necessárias para a imunização do público-alvo já se encontram armazenadas nas redes de frio de estados e municípios onde há sedes de DSEIs, e a segunda dose está sendo aplicada com o intervalo de tempo recomendado pelos fabricantes das vacinas”, frisa.

Desinformação

Para quem acompanha a vacinação dos povos indígenas, ela está abaixo do necessário. Roberto Liebgott, coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), acompanha a saúde indígena e cobra mais ações.

“Temos que levar em consideração a postura negacionista do governo, que comprometeu o processo de imunização no país. A concepção do governo de colocar em dúvida a eficácia da vacina, depois de propor que as pessoas não se vacinassem e, por fim, a disseminação de mentiras sobre ‘consequências’ da vacinação atrapalharam”, critica.

Roberto explica que a maior dificuldade em imunizar indígenas está na falta de informação ou em conceitos errados.

“O Cimi vem atuando para levar a informação adequada para as comunidade e explicando a necessidade de todos se vacinarem. Os missionários informam adequadamente às famílias sobre a importância da vacinação”, frisa.

Ele emenda: “Umas das alternativas de enfrentamento da doença é a aceitação à proposta de vacinação. Isso é feito dentro de um processo de diálogo”, acrescenta.

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