*Da Redação Dia a Dia Notícia
A Anvisa aprovou o uso do Kisunla (donanemabe), medicamento da farmacêutica Eli Lilly do Brasil, para tratar casos iniciais de Alzheimer. É a primeira medicação autorizada no país com a promessa de retardar a progressão da doença em adultos com sintomas. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, na última quinta-feira (17).
Nos estudos clínicos, os melhores resultados apareceram nos pacientes que estavam nos estágios mais iniciais da doença. Eles foram acompanhados por 18 meses e divididos em dois grupos: um com menor presença da proteína tau (indicando fase mais precoce da doença) e outro com uma população geral de pacientes.
Em comparação com placebo, o avanço do Alzheimer foi 35% mais lento nos pacientes com a doença menos avançada, e na população geral, foi 22% mais devagar. Além disso, o risco de progressão para o próximo estágio da doença caiu até 39% entre os que usaram donanemabe.
Além disso, o medicamento ajudou a remover as placas amiloides do cérebro em boa parte dos pacientes:
- 30% tiveram níveis considerados negativos após 6 meses de tratamento;
- 66% após 12 meses;
- 76% após 18 meses.
O donanemabe é administrado por injeção, uma vez por mês. Ele é o primeiro remédio aprovado no Brasil que atua diretamente na remoção das placas amiloides, com evidências de que o tratamento pode ser interrompido quando essas placas desaparecem. Isso traz mais previsibilidade tanto para os pacientes quanto para os médicos e o sistema de saúde.
Como funciona o novo medicamento aprovado para Alzheimer
O donanemabe é indicado para tratar adultos com comprometimento cognitivo leve ou demência leve causados pela doença de Alzheimer. Ele é voltado especialmente para pacientes que são heterozigotos ou não portadores do gene ApoE ε4, associado à doença.
O medicamento só pode ser usado com prescrição médica e é aplicado por via intravenosa. O esquema de tratamento é feito a cada quatro semanas: nas três primeiras aplicações, a dose é de 700 mg; depois disso, passa para 1400 mg nas infusões seguintes.
A ação do donanemabe está diretamente ligada às chamadas placas beta-amiloides, um dos principais marcadores do Alzheimer. Essa proteína é produzida naturalmente no organismo, mas se acumula de forma anormal no cérebro em pessoas com a doença, formando placas que afetam áreas responsáveis pela memória, cognição e pela capacidade de realizar atividades do dia a dia.
O donanemabe ajuda o organismo a remover essas placas, o que pode retardar a progressão do Alzheimer, preservando por mais tempo a memória, a cognição e a autonomia do paciente.