O ex-governador Amazonino Mendes (Podemos) foi citado em reportagem do site The Intercept Brasil, edição do último dia 15 de junho, assinada por Amanda Audi e Pedro Zambarda, de manter negócios com a IP.TV, supostamente ligada ao presidente Bolsonaro. A IP-TV é a dona do aplicativo Mano.
O aplicativo de streaming de vídeos criado em 2018 para a campanha de Jair Bolsonaro divulgou conteúdo bolsonarista, incluindo Fake News, também é utilizada por vários Estados para a educação a distância.
Segundo a reportagem, mesmo com o histórico conturbado, os governos de cinco estados, como Amazonas, São Paulo, Paraná, Pará e Piauí, acharam razoável colocar nas mãos da IP.TV os dados de quase 8 milhões de alunos.
A empresa no qual criou o aplicativo possui sua sede em uma sobreloja sem identificação na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, está ligada a políticos bolsonaristas e a um acusado de participar de uma rede de prostituição de menores de idade no Amazonas.
Apesar da sua sede no Rio, a história da IP.TV remete-se ao Amazonas. O proprietário da empresa, Eduardo Patrício Giraldez, é sócio de Waldery Areosa Ferreira Junior, empresário do ramo da educação (ex-dono da Uninorte) e acusado de participar de uma rede de prostituição de menores de idade junto com o pai. Os dois são sócios da Hexágono Soluções em Tecnologias da Informação, sediada em Manaus.
De acordo com a reportagem, um dos 11 sócios da IP.TV, Cláudio Dutra é elo entre a empresa de Rio Bonito e Amazonino Mendes, ex-governador do Amazonas. Dutra é sócio de Marcelo Potomati, que compartilha dois negócios com Amazonino e quatro com o filho do ex-governador, Armando Mendes, conhecido no estado como Armandinho. Entre eles, a rádio Mix de Manaus, uma das mais ouvidas do estado, que é administrada por Potomati e Armandinho e constantemente divulga o aplicativo Mano em sua programação, diariamente.
O primeiro estado a contratar a IP.TV para transmissão de aulas foi o Amazonas, em 2015, durante a gestão de José Melo, aliado de Amazonino e que foi cassado, em 2017, por compra de votos, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A cassação possibilitou a Amazonino o retorno ao poder, já que foi eleito, à época, durante eleições suplementares, para cumprir o resto do mandato.
A empresa já tinha raízes no estado desde 2007, quando outras duas firmas com quem ela compartilha sócios, firmaram contratos com o governo local: a VAT Tecnologia da Informação e Techlog Serviços de Gestão e Sistemas Informatizados.