*Victoria Cavalcante – Da Redação do Dia a Dia Notícia
A Amazônia registrou o maior índice de desmatamento em 15 anos, só nos últimos 12 meses, de agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados 10.781 km² de floresta, uma área desmatada do tamanho de sete cidades de São Paulo, tendo o Amazonas como o segundo maior estado em alerta.
De acordo com dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o desmatamento aumentou 3% em relação ao calendário passado.
Está é a segunda vez consecutiva em que o desmatamento ultrapassa 10 mil km². Juntando todas as áreas destruídas nos últimos dois calendários, chegamos à 21.257 km², uma extensão quase o tamanho de Sergipe.
Os três estados que estão no topo da lista de alerta são Pará, Amazonas e Mato Grosso, que nos últimos 12 meses apresentaram índices expressivos de desmatamento.
Conforme os dados, o Pará segue liderando como que mais desmata na Amazônia, em um ano, foram derrubados 3.858 km² de floresta no estado, que corresponde à 36% do destruído na Amazônia. O estado teve uma queda de 7% em relação ao calendário anterior, mas ainda se mantem em primeiro lugar, tendo devastado uma área quatro vezes maior que o território de Belém.
Em segundo lugar está o Amazonas, que teve 2.738 km² (25%) de floresta desmatada, mas ganha destaque por apresentar um crescimento de 50% em comparação com a derrubada detectada entre agosto de 2020 e julho de 2021, tendo a maior alta entre os estados da Amazônia Brasileira.
Mato Grosso ficou em terceiro lugar com 1.620 km² (15%) destruídos entre agosto de 2021 e julho de 2022. Essa área foi 5% maior do que a registrada no calendário anterior. Rondônia (1.312 km²) e Acre (865 km²) ocuparam a quarta e a quinta posição.
Bianca Santos, pesquisadora do Imazon alerta que o desmatamento está diretamente ligado à invasão de territórios indígenas, que são responsáveis pela manutenção da biodiversidade na Amazônia.
“O aumento do desmatamento ameaça diretamente a vida dos povos e comunidades tradicionais e a manutenção da biodiversidade na Amazônia. Além de contribuir para a maior emissão de carbono em um período de crise climática. Relatórios da ONU já alertaram que, se não reduzirmos as emissões, fenômenos extremos como ondas de calor, secas e tempestades ficarão ainda mais frequentes e intensos. Isso causará graves perdas tanto no campo, gerando prejuízos para o agronegócio, quanto para as cidades”, pontuou pesquisadora.
Detalhes sobre os alertas
O monitoramento do Imazon reporta mensalmente áreas desmatadas detectadas em imagens de satélites de toda a Amazônia Legal, que são chamadas de “alertas de desmatamento”. Por isso, são estimativas geralmente menores do que a área desmatada informada anualmente pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Isso porque, como o SAD é um sistema de monitoramento mensal, são analisadas cerca de 30 dias de imagens de satélites para geração dos alertas de desmatamento. E, caso tenha muita ocorrência de nuvens em um mês, algumas áreas derrubadas podem não ser detectadas. Já no Prodes, que é anual, há pelo menos 365 dias de imagens de satélites para serem analisadas. Dessa forma, uma área que foi desmatada em um mês com muita ocorrência de nuvens e que não foi detectada no sistema mensal pode ser identificada pelo anual, nas imagens dos meses seguintes.