O Amazonas concentra o maior número de queimadas em agosto, em toda a Amazônia, desde o ano 2000. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), foram 8.588 focos, o que representa 30% do total de queimadas na região.
Segundo o Greenpeace, os números refletem a preocupante escalada do desmatamento na região do sul do estado, que já vinha sendo identificada pelos sistemas de monitoramento. Lábrea, município que fica na fronteira com Rondônia, é o que concentra mais focos de calor em toda a Amazônia Legal. Segundo o Inpe, até o dia 31 de agosto, foram 2.535.
O Pará e Rondônia também estão na lista dos estados que mais queimaram a floresta. O Pará vem atrás do Amazonas, com 28% e Rondônia em terceiro, com 15%.
“Desde 2019, a quantidade de focos de calor registrada em agosto tem atingido patamares absurdos”, declarou a gestora ambiental do Greenpeace, Cristiane Mazzetti.
Segundo ela, o aumento é bem superior nos últimos anos e é resultado de uma visão retrógrada de desenvolvimento que não conversa ou beneficia a maioria dos brasileiros, além de seguir na direção contrária dos esforços para conter a emergência climática.
Para o Greenpeace, também é preciso ficar atento para projetos de lei que podem prejudicar ainda mais a Amazônia, como o Marco Temporal, que propõe que povos indígenas só teriam direito ao território a partir de ocupação física deste no dia de promulgação da Constituição Federal.
A demarcação e proteção de territórios indígenas são fundamentais na proteção da Amazônia e no combate às mudanças climáticas que, se agravadas, podem contribuir, por exemplo, para novas crises hídricas que afetam o país.
“Estamos vivendo uma crise na saúde e uma crise climática, ambas agravadas com os recordes de queimadas e desmatamento. Mas ao invés de combater o crime ambiental e garantir o bem-estar dos mais impactados pelos incêndios florestais, o governo federal opta pelo enfraquecimento deliberado das políticas de proteção ambiental, enquanto o Congresso Nacional discute projetos que ameaçam as terras indígenas e que vão estimular mais grilagem, desmatamento e queimadas, expondo ainda mais a saúde do povo brasileiro e contribuindo para novas crises hídricas que deixam a conta de luz dos brasileiros cada vez mais cara”, completou Cristiane.