O cancelamento da cerimônia que selaria a união entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Partido Liberal no dia 22 teria sido por uma discussão acalorada entre o mandatário e o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto.
A princípio, o motivo do impasse era a falta de acordo sobre o diretório paulista do PL, que ficaria sob o controle de Eduardo Bolsonaro. O problema é que o partido já teria se comprometido com o prefeito de São Paulo, Rodrigo Garcia, candidato de João Dória ao governo do estado em 2022. O presidente Jair Bolsonaro, ao acertar a entrada no partido, queria ter poder de indicar os próprios candidatos no estado à assembleia legislativa, governo, Câmara e Senado Federal.
Contudo, a “intensa troca de mensagens” citada no comunicado do PL foi bem pior que o divulgado. Bolsonaro teria reagido furiosamente a rejeição de Valdemar Costa Neto em entregar o diretório paulista a Eduardo Bolsonaro. O presidente do partido respondeu afirmando que Bolsonaro “pode ser o presidente da República, mas quem manda no PL sou eu”. O diálogo terminou supostamente em uma troca de ofensas entre os dois.
Munição para Sérgio Moro
Outra possível razão para a suspensão da ida de Bolsonaro ao PL seria a filiação do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro ao Podemos, com discurso contrário a corrupção e eventual candidatura a presidência da República.
Aliados de Bolsonaro notaram uma repercussão negativa devido os eleitores do presidente associarem Valdemar Costa Neto a Lula e o PT. O presidente do PL foi uma das principais figuras do escândalo do Mensalão, no qual Valdemar chegou a ser condenado e preso em 2012.
O anúncio da filiação do presidente ao PL serviu de munição para Moro insuflar ainda mais sua agenda anticorrupção. Em seu discurso de filiação, Moro se colocou como terceira via, contra o PT e Bolsonaro, lembrando de escândalos que envolveram ambos como o Mensalão, Petrolão e o esquema de rachadinhas envolvendo o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro.
*Com informações de O Antagonista e g1 Política