Falar em pedagogia significa que o ser humano é um eterno aprendiz, sempre desejoso por conhecimento, é um errante neste mundo e nesta forma de existência, abordar um aspecto pedagógico significa que devamos nos colocar neste sentido, no lugar do estudante, do apaixonado, do amante do saber, daqueles que possuem desafios, e estes desafios urgem por soluções. E é exatamente nesta via complexa que devemos aprender as lições que a vida, a natureza, o mundo, o universo e a existência constantemente nos presenteiam.
Um dos maiores desafios e objetivos do ser humano em suas mais variadas formas de vida e existência cultural é o aprendizado. Aprender sobre a natureza, aprender nossa língua materna, aprender leis e costumes, aprender a conhecer o mundo à nossa volta. Desde a nossa vida intrauterina estamos recebendo constantemente, mesmo a partir de genes e algoritmos da natureza, informações das mais diversas que nos colocam no centro de uma dinâmica vital, a dinâmica da vida e da sobrevivência.
O ser humano aprendeu a conceber ideias e aprendizado a partir de sua relação com a natureza, com o universo e entre as pessoas que o cercam. Neste processo, em suas diversas culturas e nos vários períodos de suas existências, o processo de evolução e muito mais ainda de adaptação ao meio, o ser humano desenvolveu uma quase infinita gama de fazeres, de atitudes, de práticas das mais necessárias às mais simples, para se adequar ao mundo e à natureza e adequar o mundo e a natureza de acordo com suas necessidades e sua vontade. Existem também os processos de aprendizado formais, aqueles aplicados pela Lei, em que Ministérios, sistemas educacionais e escolas assimilam como melhor prática de ensino e aprendizagem.
Nossa viagem reflexiva de hoje se pauta justamente no fato de reconhecer determinadas lições que a natureza e o universo nos dão e que se faz urgente e necessário ao ser humano compreendê-las. Ao longo de sua existência, o ser humano aprendeu a moldar e adequar sua vida de acordo com a dinâmica natural, com as leis universais, com o movimento do planeta, do Sol que nos acalenta há bilhões de anos, e da Lua, que tanto influenciou neste processo.
Percebemos que um dos maiores impasses humanos gira em torno de grandes vias de senso ético, de valores e contra valores que assolam nossas sociedades, que ameaçam a paz, os Direitos Humanos, problemas em torno do respeito à vida em todas as suas manifestações. Hoje o ser humano explora o universo, seus segredos e suas maravilhas. Hoje o ser humano é capaz de realizar transplantes, curar doenças, salvar vidas, nós criamos a energia nuclear, porém, ainda amargamos uma vida envolta em violência, discriminação, genocídio, feminicídio e inúmeras formas de desigualdades.
Parece que na sua ânsia por prazer, por liberdade, por riqueza e felicidade fácil, o ser humano esqueceu-se de um delicado princípio, o de que não estamos sozinhos, de que nossas ações repercutem, de que nossas palavras podem afetar, de que nossas más escolhas podem até mesmo matar.
Não desejo abordar estas ideias com um tom apenas pessimista, mas sim de uma força de vontade que o ser humano sempre teve, o de solucionar seus problemas, o de aprender com a vida, o de ser feliz. E ao olhar para nossa história, mesmo que panoramicamente, podemos visualizar um grave erro. O de que muitas vezes nos isolamos e a partir deste isolamento nos colocamos na contramão daquilo que foi o sucesso do universo. De leis que ele sempre seguiu, de leis universais que garantiram um equilíbrio. O universo nos ensina, entre tantas coisas, uma importante lição. Para que haja harmonia, é necessário haver um respeitoso equilíbrio. Devemos também entender que ao sair do campo de equilíbrio e invadir ou desrespeitar os limites da existência, catástrofes poderão ocorrer.
Cabe a nós, cabe ao ser humano olhar, observar, conhecer e conhecer-se, para que deste olhar surja aquilo de que talvez mais necessite, aprender a viver de acordo com a música da vida e da existência. Átomos, moléculas, corpos celestes, luz e trevas, explosões e calmarias. Todos estes elementos e muito mais moldaram-se para constituir o que é hoje o que vivemos e observamos.
O Universo nos comunica uma profunda pedagogia, uma vital lição, que deve ser respeitada se é que desejamos permanecer aqui. Nos comunica que na diversidade, de astros, de formas, de cores, de energias e de átomos, há a possibilidade de conviver. E é exatamente esta convivência que deve nos levar ao principal objetivo de nossas vidas, da felicidade, do bem comum, da necessidade do diálogo, do consenso e do respeito. E cada vez que olharmos para o céu, veremos uma infinidade de astros que mesmo tão diferentes, aprenderam e conseguiram coexistir.
É como diz a história dos porcos-espinho, que estando em um rigoroso inverno, ao permanecerem próximos demais para se aquecer, acabavam por se espetar e machucar com os espinhos do outro, lhe causando dor e sofrimento, mas que em dado momento se dão conta de que cada um deve manter-se na distância adequada, nem tão perto e nem tão longe, mas próximos o suficiente para estarem bem. Assim é a natureza, assim é o universo, assim a vida nos ensina.
Por Sérgio Bruno
É um livre pensador e professor formado em Ética e Filosofia Política, com mais de 15 anos de experiência na docência e formação de jovens e adultos. Atualmente também é professor em cursos pré-vestibulares na área de Ciências Humanas e suas tecnologias, atuando também como professor de Sociologia, Cultura Religiosa e Teologia. É apaixonado por temas como Cultura e Sociedade, Cidadania, Política, Direitos Humanos e Diálogo Inter-religioso. Adora livros, leitura e literatura e deseja convidar você para compartilhar pensamentos, ideias e reflexões diversas.