*Por Lane Gusmão
Todo começo de ano é igual, os estudantes se preparam para um novo ciclo na vida escolar e, para os professores, não é diferente. Organizar horários, elaborar conteúdos e trabalhar estratégias de ensino para abordar os mais variados temas são algumas das atividades que fazem parte da rotina do educador. O ano de 2020 começou diferente e cheio de mudanças.
Com o avanço da Covid19, a pandemia obrigou a sociedade a mudar as regras de convivência, a maior delas é o distanciamento social e as escolas tiveram de fechar, para evitar o contato direto. A maior preocupação dos pais era com o ano letivo e, para não prejudicar os estudos, algumas instituições adotaram o ensino a distância, como já acontece em alguns cursos, mas dessa vez voltado para as crianças. O método dividiu opiniões e com o tempo os alunos e professores foram se adaptando.
Porém, a mudança repentina, sem nenhum tempo de preparo psicológico e de logística, pegou alguns professores de surpresa e quem não tinha familiaridade com a internet teve de aprender na prática, foi o caso do professor de inglês há 17 anos, Sínval Silva.
“O fato de todo mundo ter sido pego de surpresa, tendo que encarar algo inusitado, o mundo virtual meio que desabou sobre nós e tudo passou a ser por meio desse recurso que temos que assimilar para ontem. A necessidade repentina de trabalhar em casa não me deu tempo de providenciar boa iluminação do ambiente, mesa e cadeira adequada para passar horas sentado, além da visão muito tempo exposta à tela do computador, mas vou buscando aprender e organizar meu tempo todos os dias”, explicou.
A questão da instabilidade da internet é o principal desafio encontrado pelos professores que passam horas, às vezes o dia inteiro, elaborando conteúdo e transmitindo as aulas ao vivo. Ainda se adaptando aos “novos tempos”, os professores tentam olhar pelo lado positivo.
“O lado bom é que esse “intensivão” nos prepara para a tendência mundial que já está aí, tudo digital, e nós estamos aprendendo, todo dia”.
Além da infraestrutura em casa que não foi preparada para essa finalidade, tem a conta de energia que aumentou. Mas o maior desafio para quem não estava adaptado a vida “on-line”, principalmente em gravar vídeos ou transmissões ao vivo, é conciliar tudo isso, que às vezes “toma o dia inteiro” à rotina da casa, que por si só já é atarefada. Karen Ponce é pedagoga e ministra aula para crianças, assim como o marido, e eles têm um filho de 3 anos, Pedro Lucas, que está tendo aulas on-line, ou seja, ela, o marido e filho passam algumas horas do dia de frente para o computador.
“Meu horário de trabalho segue normalmente, desde a hora que acordo até a noite, porém em casa. Planejo, dou aula, organizo as atividades, assisto aos vídeos da empresa que nos orienta aos estudos dos alunos. Não existe conciliação, é tudo junto e misturado(risos). O marido é professor, então entende, já que tem a mesma rotina que a minha. Nossa conciliação segue com o Pedro, só que existem semanas que não dá, atrasa as aulas dele e vamos nos atualizar nos finais de semana”.
Nas aulas, os professores dividiram as turmas para reduzir o número de estudantes por horário e assim facilitar a interação com todos e a participação dos pais também tem ajudado nesse processo. “Pego todos os tipos de feedback, analiso e tiro lições positivas, para ter um novo aprendizado e sempre melhorar. Os pais têm sido parceiros, participam das aulas. Está sendo um desafio encarado com sucesso e muito cansaço, para não deixar meus alunos na mão, tento seguir o máximo que posso como era na sala de aula”.
Ainda não há previsão de quando as aulas voltam a ser ministradas nas salas de aula, mas por enquanto, os professores continuam se dedicando e aprendendo mais para continuar ensinando. Mais um desafio dessa profissão que nos ensina todos os dias, em todos os aspectos.