Na leitura do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, do Senado Federal, divulgado, nesta quarta-feira, 20, após seis meses de investigações, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que o caso específico do Amazonas mereceu atenção especial da CPI. Segundo o senador, foi possível observar que, já na primeira onda da pandemia, os sistemas de saúde do Amazonas evidenciaram dificuldades de resposta à covid-19.
De acordo com o senador, o governo federal tinha ciência da alta probabilidade de colapso, inclusive com carência de insumos necessários. Renan afirmou que não foram encontradas evidências da adoção de medidas para abrandar o colapso de saúde do estado.
O senador ressaltou que a CPI se debruçou sobre o assunto e vai pedir o indiciamento de muitos investigados.
“Essas ações e omissões revelaram que, a um só tempo, o povo amazonense foi deixado à própria sorte e serviu de cobaia para experimentos desumanos”, afirmou.
O relatório final da CPI apontou também que o Governo do Amazonas pediu ajuda de representantes federais para conter o avanço da Covid no Estado, principalmente com relação ao aumento da taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na rede pública de saúde.
“Ressalta-se que o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus José Barroso Campêlo, enviou o Ofício nº 6672/20, de 30/12/2020, ao Ministério da Saúde, solicitando o envio da Força Nacional do SUS para auxílio no monitoramento e orientação técnica. Esse pedido é evidência do esgotamento da capacidade do Estado em responder à crise”, aponta um trecho do relatório.
Renan Calheiros disse que a CPI foi conseguiu “comprovar as digitais” do presidente Jair Bolsonaro na morte de vítimas da covid-19.
“A CPI foi a única no mundo a eviscerar as mazelas do chefe de uma nação. Esta CPI é a primeira a comprovar as digitais de um presidente da República na morte de milhares de cidadãos”, afirmou.
Calheiros destacou ainda que o colegiado foi “pioneiro” na reclassificação de documentos considerados sigilosos pelo Poder Executivo. “No início da CPI, todos os documentos vinham classificados como sigilosos. Pela primeira vez na história, essa CPI reclassificou esses sigilos para alargar a investigação de modo a que a própria investigação se fizesse à luz do dia, com o acompanhamento de todos, iluminando o que havia de nefasto nessa roubalheira e nessa corrupção”, disse.
Votação
Omar Aziz (PSD-AM) encerrou os trabalhos da CPI nesta quarta-feira e convocou reunião para a próxima terça-feira (26), quando os parlamentares devem votar o relatório proposto por Renan Calheiros.
* Com informações da Agência Senado