“Como se a Paris em quarentena não fosse confusa o suficiente, minha vizinhança estava sendo usada como set de filmagem quando a interdição começou. Agora todo o quarteirão ficou congelado em 1941”, tuitou o morador local Tim McInerney.
A capital francesa era uma verdadeira cidade-fantasma nesta quarta-feira, o nono dia de uma interdição inédita em tempos de paz, ordenada pelo presidente Emmanuel Macron para deter a disseminação do coronavírus. Macron só deu aos 67 milhões de habitantes do país um aviso prévio de 16 horas, deixando os produtores de “Adieu Monsieur Haffmann” sem tempo para desmontar o set e devolver a rua ao século 21.
Dirigido pelo cineasta francês Fred Cavaye, o filme é uma adaptação de uma peça homônima que conta a história de Joseph Haffmann, um joalheiro judeu que foi forçado a se esconder para escapar dos nazistas. Duas ruas vizinhas, a Rue Berthe e a Rue des Trois Frères, também foram decoradas para se parecerem com uma cena da Paris de então. Uma patrulha policial encarregada de aplicar a interdição parou para tirar fotos.
Paris foi ocupada pelos alemães em 1940. O governo francês se transferiu para Vichy e a capital foi governada pelos militares de Hitler. Durante a ocupação, um toque de recolher foi imposto, a comida era racionada e o carvão para aquecimento se tornou escasso. Os judeus parisienses foram obrigados a usar uma Estrela de Davi amarela nas roupas. Milhares foram detidos pela polícia francesa por ordem da Alemanha e enviados a campos de concentração alemães.