Para manter a tradição da ciranda no mês de agosto, as agremiações Guerreiros Mura, Tradicional e Flor Matizada realizaram a Live Cirandas de Manacapuru 2021, na noite do sábado (28/08), no galpão da Flor Matizada. A apresentação sem público e com o apoio do Governo do Amazonas tem a proposta de gerar emprego e renda para trabalhadores da cultura e economia criativa envolvidos no festival que movimenta o município.
Com transmissão pela TV A Crítica, a live seguiu todas as medidas que conferem segurança contra a Covid-19 aos participantes e servidores envolvidos. Os protocolos incluem a testagem para detecção do coronavírus de todos os integrantes das cirandas e equipes de apoio, distanciamento e uso de máscara.
Para o secretário de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz, a iniciativa é importante na retomada gradual das atividades culturais no interior. Ele explica que, a exemplo das lives Parintins e Folclórica, promovidas neste ano, a transmissão das cirandas de Manacapuru vem para oferecer apoio aos artistas sem renda por conta da pandemia.
“Desta forma mantemos ainda o diálogo com todas as manifestações. Sabemos o quanto o Festival de Cirandas é importante para Manacapuru, que o município se envolve na preparação e, além da economia, tem a questão afetiva, é uma tradição da cidade”, comentou o titular da pasta. “Com o auxílio na estrutura para que a live se realize, também mantemos a expectativa para, no ano que vem, ter o evento com público”.
Cirandas
Com 320 pessoas na apresentação, a Guerreiros Mura foi a primeira a se apresentar, com o tema “Folclore é Vida”. A ciranda, que tem 28 anos de existência e 13 títulos, exibiu trechos da sua história dentro da temática indígena.
“Essa live representa a volta do Festival de Ciranda para o cenário cultural do Amazonas. Nós estamos nos recuperando da triste passagem dessa doença no mundo, mas vamos para frente, devagar e com esforço, para consolidar nossa festa folclórica no estado”, disse Renato Teles, presidente da Guerreiros Mura.
A Tradicional entrou em cena com 120 participantes para defender o tema “Cura” por meio das ervas medicinais. Segundo o presidente Magal Pinheiro, mais 78 pessoas fizeram parte do trabalho nos bastidores.
“A realização da live foi essencial para nossa cultura não morrer, para gerar renda para a classe artística, uma vez que os artistas foram muito afetados e que vivemos disso. Os artistas vivem da cultura e salvou muitas pessoas”, afirmou o dirigente.
Já a Flor Matizada, com 250 pessoas, trouxe o tema “Viva!” e os princípios do povo Carajás. Segundo a lenda, eles viviam como peixes nas profundezas dos lagos e só conheciam esse ambiente até abdicarem da eternidade e reconhecerem a morte para alcançar a liberdade.
“Do mesmo modo, nos resta aceitar a morte, enquanto fenômeno natural e resgatar o entusiasmo pela vida e pelas boas lembranças dos entes perdidos. Afinal, viver sempre valerá a pena”, destacou Vanessa Mendonça, presidente da Flor Matizada.
A live, acrescenta Vanessa, representa o resgate da força cultural de Manacapuru. “A Ciranda é nossa referência, identidade cultural, e constitui uma das singularidades amazônicas. Somos cientes de que escrevemos uma das mais belas páginas do rico folclore brasileiro, e essa live revigora essa força”.