O Guinness World Records reconheceu que os dinossauros mais antigos do mundo podem ter habitado a área que atualmente corresponde os municípios da Região Central do Rio Grande do Sul.
A publicação afirma que, embora não seja possível precisar a idade exata de fósseis de animais que viveram há milhões de anos, as rochas onde eles foram encontrados são. Os cientistas constataram que o sítio arqueológico de Santa Maria possui cristais de zircão datados de até 233,2 milhões de anos atrás, período correspondente à idade ladiniana do final do período Triássico.
Entre os exemplos escavados na Formação de Santa Maria, que compreende a região que vai de Venâncio Aires até Mata, estão o Saturnalia tupiniquim, o Nhandumirim waldsangae, o Buriolestes schultzi, o Pampadromaeus barberenai, o Bagualosaurus agudoensis, o Gnathovorax cabreirai e o Staurikosaurus pricei.
Todos esses eram bípedes herbívoros relativamente pequenos, conhecidos como sauropodomorfos (que mais tarde dariam origem aos saurópodes gigantes), e os buriolestes, que era exclusivamente carnívoro entre os sauropodomorfos.
Petição de grupo de pesquisadores
A publicação no Guinness teve origem em uma petição encaminhada por um grupo de pesquisadores e divulgadores científicos da paleontologia do RS ao escritório do Guinness.
“Fizemos uma defesa explicitando quais as razões que levariam os dinossauros da Formação Santa Maria a serem os mais antigos do mundo, os primeiros dinossauros”, explica Sérgio Cabreira, professor que trabalhou nas expedições que descobriram os fósseis na região nas últimas décadas.
Segundo ele, o material encaminhado pelo grupo foi avaliado por consultores paleontólogos do Guinness, e reconheceram que as pesquisas de datação mostram que as espécies localizadas no estado são mais antigas em relação aos dinossauros triássicos de outros locais. Os integrantes foram notificados do reconhecimento por e-mail, ainda na quinta.
“Como nossos dinossauros são encontrados dentro desses pacotes de rocha, então eles são os mais antigos do mundo. É uma mensuração, mas ela é feita através de métodos científicos, muito modernos, com diversos tipos de equipamentos acurados”, explica.
“Isso abre uma janela importante na questão da divulgação da região, de toda a nossa macrorregião. Abre importantes perspectivas de turismo de outros eventos culturais e acadêmicos relacionados com a paleontologia brasileira”, afirma.
O divulgador Ciro Cabreira, irmão de Sérgio, lembra que os materiais encaminhados ao Guinness são achados científicos, como as pesquisas de datação das rochas, de estudo de morfologia dos animais e os próprios fósseis localizados.
“Pra gente, a inclusão no Guinness, é uma vitória porque a gente tá tentando fazer esse trabalho de divulgação, da importância da nossa região, pra que o poder público dê mais atenção. É um bem imaterial”, diz.