O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) foi vacinado contra a Covid-19 nesta quinta-feira (22) pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Em publicação em rede social, o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ironizou as críticas de “negacionista” feitas ao pai.
“Obrigado ao ‘negacionista’ @jairbolsonaro por garantir a vacina nos braços de todos os brasileiros!”, disse.
Bolsonaro e a vacinação
O presidente atuou contra a compra de vacinas, espalhou informações falsas sobre a Covid-19, fez campanhas de desobediência a medidas de proteção, como o uso de máscaras, distribuiu remédios ineficazes contra a doença e incentivou aglomerações.
Além da famosa frase dita em dezembro de 2020 sobre o risco de virar um jacaré depois de tomar a vacina da Pfizer (“Se você virar um jacaré, é problema seu”), voltou boa parte dos seus ataques especificamente à CoronaVac, vacina produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, e usada como trunfo pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu rival político.
Nesta quinta, o presidente voltou a colocar em dúvida, sem apresentar evidências, a eficácia da CoronaVac. “Sabemos dos problemas que a vacina chinesa, CoronaVac, vem ocasionando em alguns países, como Chile, por exemplo, e aqui no Brasil também. Pessoas que tomaram duas doses e foram infectados ou reinfectadas. Então, a eficácia da CoronaVac está lá embaixo, realmente.”
Bolsonaro disse ainda que “até hoje a CoronaVac não tem comprovação científica”, o que não é verdade, e que os brasileiros não querem tomar este imunizante.
Vacinas aplicadas no Brasil
O filho do presidente aproveitou para enaltecer a vacina da AstraZeneca, que no Brasil é produzida pela Fiocruz e foi negociada pelo Governo Federal. Em vídeo em suas redes sociais, o senador afirmou que a vacina que tomou é “eficaz e bem mais barata que a de outros fabricantes”.
De fato, a vacina Covishield produzida pela Fiocruz é eficaz contra a Covid, assim como todas as outras vacinas de outras fabricantes com autorização para uso no Brasil. Até o momento, podem ser aplicadas no país a CoronaVac, da farmacêutica Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, a Comirnaty, da Pfizer, e o imunizante de dose única da Janssen.
A Covishield também é de fato mais barata em comparação às outras disponíveis no País. Cada dose do imunizante, considerando o primeiro lote adquirido, saiu por US$ 3,16. As outras vacinas possuem valor acima ou igual a US$ 10 por dose.
Dados de eficácia da CoronaVac já foram publicados na revista científica The Lancet e a vacina já recebeu aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para uso emergencial. Dessa forma, o imunizante pode ser distribuído pelo consórcio Covax – que distribui imunizantes no mundo -, do qual o Brasil faz parte.
O presidente chegou até a comemorar um episódio em que a pesquisa do imunizante foi interrompida momentaneamente para investigação de um evento – um suicídio – após uso da vacina. Pausas do tipo podem acontecer e servem para garantir a segurança do estudo. Como não houve apontamento de relação entre a aplicação da vacina e o evento, os estudos foram retomados.