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Pesquisa aponta que Manaus pode ter mais de 200 mil casos de Covid-19

Pesquisa apontou que para cada caso notificado na cidade, existem 19,5 casos não notificados

Os primeiros resultados da pesquisa nacional sobre o coronavírus apontam que 201,6 mil pessoas podem estar infectadas em Manaus. O número corresponde a 11% da população da cidade, que tem 1,8 milhão de habitantes.

 

No site do Ministério da Saúde, Manaus conta com 10.407 casos oficiais e 949 óbitos. Segundo levantamento do ministério, divulgado hoje, mais de 20 mil estão infectados no Estado e 1.400 morreram. O Amazonas é o quarto Estado do país com o maior número de casos.

 

A pesquisa nacional que divulga números muito mais altos do que os oficiais é organizada pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas), no Rio Grande do Sul. O coordenador do estudo e reitor da instituição, Pedro Rodrigues Curi Hallal, explica que foram identificadas 27 pessoas com coronavírus durante aplicação dos testes rápidos, em uma amostra de 250 participantes. Com isso, chegou-se ao índice de 11% ao se aplicar sobre o total da população.

 

A margem de erro é de 180 mil a 220 mil. Segundo o coordenador da pesquisa, a cidade receberá novamente os pesquisadores daqui a duas semanas. Desta vez, serão entrevistadas pessoas diferentes das que foram ouvidas na primeira fase.
A pesquisa está sendo realizada em 133 cidades brasileiras e pretende coletar amostras de 33.250 pessoas. Além de Manaus, já foi concluída em oito cidades: Breves (PA), Lábrea (AM), Parintins (AM), Barreiras (BA), Itabaiana (SE), Vitória (ES), Patos de Minas (MG) e Uruguaiana (RS). Os resultados preliminares dessas outras cidades ainda não foram divulgados.

 

Segundo a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), este é maior estudo populacional sobre o coronavírus no Brasil. O estudo é coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, que há cerca de 40 anos realiza estudos epidemiológicos em Pelotas, no Rio Grande do Sul, no Brasil e no mundo.

 

A intenção da pesquisa é estimar quantos brasileiros já foram contaminados com a covid-19 e avaliar a velocidade de expansão da doença pelo país. A coleta de dados está sendo feita pelo Ibope em moradias pré-definidas.
Ao chegar ao local, o entrevistador coleta uma gota de sangue e aguarda cerca de 15 minutos para o resultado do teste. Enquanto isso, aplica um questionário com perguntas sobre sintomas e histórico médico, entre outras. Caso o resultado for positivo, o teste rápido é aplicado em outros membros da família. Segundo o reitor, não é emitido um laudo comprovando a doença. Entretanto, a pessoa recebe um documento com orientações de onde ir.

 

Pesquisadores foram agredidos e “tratados como criminosos”, diz reitor

Enquanto em nove cidades a pesquisa já foi concluída, em outras nem foi iniciada ainda, pois ocorreram agressões e detenções dos pesquisadores. Hallal diz que em Santarém (PA), a casa de uma entrevistadora foi invadida, e as amostras, destruídas. “A casa dela era uma espécie de QG da pesquisa, onde estavam reunidas as amostras”, relata.

 

Além disso, ocorreram detenções em São Mateus (ES), Imperatriz (MA), Picos (PI), Patos (PB), Natal (RN), Crateús (CE), Serra Talhada (PE), Rio Verde (GO), Cachoeiro do Itapemirim (ES), Caçador (SC) e Barra dos Garças (MT), segundo informações repassadas pela UFPel.
Sem detalhar, o Ibope afirmou que os problemas ocorreram em 58 municípios. Já a universidade afirma que em 40 cidades “os pesquisadores estão de braços cruzados, esperando autorização dos gestores municipais, num processo burocrático que pode causar prejuízo aos cofres públicos, visto que a pesquisa é integralmente financiada com recursos públicos”. Os testes passaram a ser aplicados em 14 de maio.

 

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