O senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por lavagem de dinheiro e corrupção passiva em caso de suposto recebimento de R$ 1 milhão de propina da Odebrecht. Relatório de acusação foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira (2).
Cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se aceita a denúncia. PF afirma existir “indícios suficientes” sobre os crimes, mas defesa do senador nega. As informações são do O GLOBO.
A propina teria sido paga em 2012 por interesse da Odebrecht em conseguir apoio a um projeto de lei. Na época, Renan Calheiros era presidente do Senado Federal. Segundo a PF, o valor de R$ 1 milhão foi pago em dinheiro vivo a um motorista de um suposto operador do senador.
O motorista foi ouvido pela PF e afirmou “não se recordar” de ter recebido nenhuma mala com dinheiro.
Represália por atuação na CPI da Covid
Ao O GLOBO, Calheiros, que atualmente é relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nega as acusações e afirma que o indiciamento seria uma retaliação por sua atuação contra o governo federal na CPI.
“Acusação sem prova referente a 2012”, definiu o emedebista. Inquérito foi aberto em março de 2017, no âmbito das delações da Odebrecht, mas só foi concluído nesta última sexta-feira.
“Estou surpreso que justamente agora, quando a CPI mostra todas as digitais do governo na corrupção da vacina, a parte politizada da Gestapo (referência à polícia secreta do estado nazista) enxerga indícios em uma acusação sem prova referente a 2012. Mas não irei me intimidar. Os culpados pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão pagar”.
Renan confirmou que apoio Projeto de Resolução do Senado n. 72/2010, que foi convertido na Resolução do Senado Federal n. 13/2012, mas não recebeu nenhum pagamento.
Defesa
Segundo nota divulgada pelo advogado de Renan Calheiros, Luís Henrique Machado, o senador é investigado desde 2009 pela PGR, porém “jamais foi encontrado qualquer indício de ilicitude sobre seus atos”.
“Nunca tratou, tampouco autorizou ou consentiu que terceiros falassem em seu nome. Por fim, importante salientar que aproximadamente dois terços das investigações contra o senador já foram arquivadas por falta de provas”, pontua o advogado.