Em depoimento de seis horas e meia à CPI da Covid, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, reforçou a suspeita da cúpula da comissão de que houve omissão do governo Bolsonaro na crise de oxigênio no Amazonas. Informações prestadas pela médica aos senadores indicaram que o Ministério da Saúde soube com antecedência da crise de oxigênio no Estado e não agiu em tempo hábil para combater o colapso no sistema de saúde.
Mayra contradisse o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, sobre o momento em que a pasta foi informada do problema no abastecimento de oxigênio hospitalar em Manaus, no início do ano.
Pazuello afirmou que foi avisado sobre a crise no dia 10 de janeiro. Ela, por sua vez, declarou que conversou sobre o assunto com o general em 8 de janeiro.
Conhecida como “capitã cloroquina” por sua defesa veemente do medicamento sem eficácia comprovada para o tratamento de covid-19, Mayra disse aos senadores que não teve informações sobre problemas quando esteve em Manaus.
A visita ocorreu entre os dias 3 a 5 de janeiro, às vésperas do colapso na rede hospitalar, quando pacientes infectados pelo novo coronavírus morreram por asfixia após o esgotamento dos estoques de oxigênio. “Não houve uma percepção de que faltaria”, disse Mayra.
A primeira vez que o Ministério da Saúde soube do ocorrido, segundo Mayra, foi no dia 7 de janeiro.
“Pelo que tenho de provas, nós tivemos uma comunicação por parte da secretaria estadual, que transferiu para o ministro um e-mail da White Martins dando conta de que haveria um problema de abastecimento, segundo eles mencionado como um problema na rede”, afirmou a médica aos senadores.