Diante do recrudescimento da pandemia no final do ano passado, entidades que atuam na proteção de indígenas na Amazônia se mobilizaram para ajudar os povos que vivem na floresta. Foi assim que, em dezembro, surgiu o projeto Povos Indígenas da Amazônia Contra a Covid-19, conforme a reportagem do UOL.
O projeto é desenvolvido pela Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), com parcerias de organizações como o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz Amazônia). Os recursos são da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).
O programa foi estruturado em quatro eixos: doação de materiais de higiene para enfrentamento à pandemia, fortalecimento da rede de jovens comunicadores indígenas através da comunicação para o desenvolvimento, promoção da saúde mental e ações de proteção à criança, jovem e mulher indígena.
Foram entregues até o mês de abril mais de 53 mil kits de higiene- Eles foram distribuídos nos estados do Pará, Roraima, Acre, Amazonas e Amapá por organizações de referência em cada localidade, que levaram até as suas comunidades respeitando todas as medidas sanitárias.
Os demais eixos foram trabalhados de maneira conjunta e simultânea de forma virtual. As oficinas e cursos previstos foram todos realizados apesar das dificuldades técnicas de acesso à internet.
“Esse projeto está inserido no Plano de Ação Emergencial de Combate ao Avanço do Coronavírus e de Tratamento entre os Povos Indígenas da Amazônia Brasileira. Ele alcança todos os nove estados da Amazônia brasileira com as atividades de formação direcionada à rede de jovens comunicadores indígenas e com o curso Bem Viver, oferecido pela Fiocruz”, explica Suzy Evelyn, coordenadora do projeto.
Mas para atender comunidades isoladas, o desafio é articular os meios de transporte. “A logística amazônica não é fácil, são longas distâncias, e tem localidades que o acesso é somente por aeronaves. Mesmo nos trechos terrestres, as condições das estradas nem sempre são favoráveis”, diz ela.
“Para a entrega dos kits, as organizações indígenas – que são a base da Coiab – têm importância fundamental na logística e distribuição no trecho entre a sede do município e as comunidades”, completa.
Segundo ela, o projeto apresentou resultados maravilhosos. “O fortalecimento da rede de jovens comunicadores da Coiab foi essencial no contexto de pandemia, onde o distanciamento social se faz necessário, a comunicação tem importância fundamental, os jovens comunicadores levam para suas comunidades informações nas suas próprias línguas, combatendo fake news.”
O projeto alcançou grande parte das comunidades indígenas da Amazônia que, se levado em conta o censo de 2010, são cerca de 400.000 pessoas. “O foco principal foi tratar a saúde mental e criar espaços de escuta e de trocas sobre os cuidados necessários em razão dos impactos causados pela pandemia nas famílias”, disse Suzy.