O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na noite de ontem (27) que usou uma “imagem infeliz” ao afirmar que os chineses “inventaram” o coronavírus, e que a vacina do país para impedir o avanço da doença é “menos efetiva” do que o imunizante da Pfizer, dos Estados Unidos.
Guedes fez a afirmação sobre os chineses durante reunião pela manhã do Conselho de Saúde Suplementar, embora ele próprio já tenha tomado a vacina CoronaVac, de origem chinesa.
“O chinês inventou o vírus, e a vacina dele é menos efetiva do que a americana. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa. Então, os caras falam: ‘Qual é o vírus? É esse? Tá bom, decodifica’. Tá aqui a vacina da Pfizer. É melhor do que as outras”, declarou Paulo Guedes, durante a reunião, da qual também participou o ministro Luiz Eduardo Ramos.
Guedes não sabia que a reunião do conselho estava sendo gravada e transmitida por redes sociais. Quando foi informado, disse: “Não mandem para o ar”. Após a reunião, o Ministério da Saúde retirou o vídeo da página da rede social da pasta.
À noite, o ministro disse que estava tentando enfatizar a importância do setor privado no combate à pandemia:
“Usei uma imagem infeliz”, disse o ministro. “Uma coisa que vem de fora e atinge uma economia de mercado como os Estados Unidos. Eu quis dar a importância do setor privado, como ele consegue dar a resposta”, complementou.
Diferentemente do que o ministro afirmou, porém, a vacina da Pfizer não foi desenvolvida por americanos, mas por um casal de cientistas alemães de origem turca, dono da empresa Biontech.
Guedes disse que o ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, entraria em contato com a Embaixada da China para desfazer o “mal entendido”.
“Nós somos muito gratos à China por ter nos enviado a vacina. Eu tomei a CoronaVac”, declarou o ministro.
Minutos depois, em uma rede social, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, publicou dados sobre a compra de vacinas chinesas pelo governo brasileiro – sem citar Guedes.
“Até o momento, a China é o principal fornecedor das vacinas e os insumos ao Brasil, que respondem por 95% do total recebido pelo Brasil e são suficientes para cobrir 60% dos grupos prioritários na fase emergencial. A Coronavac representa 84% das vacinas aplicadas no Brasil”, disse Wanming em uma rede social.