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Mães ‘guerreiras’ que atuam na linha de frente no hospital de campanha municipal

Enfrentando uma rotina diária de plantões, emergências, troca de hospitais e, principalmente, a luta contra um inimigo invisível para salvar vidas, as mães que atuam na área da saúde vêm se mostrando verdadeiras guerreiras no combate à Covid-19
Dia das Mães_Hospital de Campanha Manaus

Enfrentando uma rotina diária de plantões, emergências, troca de hospitais e, principalmente, a luta contra um inimigo invisível para salvar vidas, as mães que atuam na área da saúde vêm se mostrando verdadeiras guerreiras no combate à Covid-19.

 

 

No hospital de campanha municipal Gilberto Novaes, localizado no Lago Azul, Zona Norte, unidade administrada pela Prefeitura de Manaus em conjunto com o grupo Samel e o instituto Transire, técnicas de enfermagem, enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, médicas, entre outras dezenas de profissionais mães, assumem todos os dias a missão de proteger pais, filhos, amigos e, inclusive, mães de alguém.

 

“Elas merecem todas as homenagens. Neste Dia das Mães, pode ser que não caiba um abraço e um beijo, mas o maior carinho que se pode demonstrar é preservar a distância social que se recomenda neste momento. Em nome da minha mãe que, se estivesse viva, sentiria orgulho de ver seu filho na linha de frente do combate ao novo coronavírus, homenageio todas as mães manauaras e amazonenses, em especial àquelas que lutam para vencermos esse período tão delicado”, destacou o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto.

 

Para essas mulheres, este ano, o Dia das Mães (10 de maio) será diferente. Médica no hospital de campanha, Lilian Beatriz Lima contou que este intenso período de trabalho tem sido também um momento de reinvenção e aprendizado. Segundo a médica, os novos desafios diários, principalmente para as equipes de saúde, têm sido um grande ensinamento. Mãe de dois filhos, de 14 e 16 anos, a médica falou sobre as mudanças e adaptações tanto na sua vida profissional quanto dentro de casa.

 

“Essa pandemia veio nos mostrar que não somos uma ilha. Que somos uma equipe e que estamos em constante aprendizado. Isso vale tanto para o ambiente de trabalho quanto em casa. Hoje, meu cuidado é muito maior, desde o momento que saio do hospital até entrar em casa. Dentro do carro, já passo álcool. Depois, desço, retiro a roupa e, antes de entrar, faço uma poça de água sanitária e lavo os pés. Para mim, o início de tudo isso foi mais puxado. Hoje estou um pouco mais calma”, comentou.

 

Sobre o Dia das Mães, Lilian disse que a distância tanto de sua mãe – que mora no interior do Estado – quanto dos seus filhos – uma vez que estará de plantão no domingo – é a principal dificuldade.

 

“Em casa já conversei com meus filhos e já disse que a nossa comemoração será na segunda-feira. Com essa correria, a gente acaba tentando dar uma compensada. Sempre que podemos, almoçamos, lanchamos juntos, para não perder a união da família mesmo em tempos difíceis. Como não podemos ir ao shopping, a distração dos meus filhos fica por conta dos jogos on-line”, contou.

De filha pra mãe

 

Filha, mãe de quatro filhos, avó, Michele Costa da Silva, técnica de enfermagem, atua na gerência de enfermagem do hospital de campanha. Ela conta que antes de começar a trabalhar no hospital já havia tido a doença, o que lhe exigiu isolamento dentro de casa, distanciando-se dos filhos e de sua mãe, Maria Valdenice da Silva, de 77 anos, sua grande inspiração.

 

“Minha mãe chegou de Porto Velho e ficamos 15 dias sem nos ver. Quando nos encontramos, era uma vontade enorme de abraçar e beijar. É difícil não poder ter esses contatos. Mas esse gesto de distanciamento é um ato de amor e salvar vidas. Minha mãe é minha guerreira. Foi abandonada pelo marido, passou dificuldades, criou seis filhos sozinha, trabalhou como cobradora, cozinheira, conseguiu ter sua casinha, ajudou a criar os meus filhos. Ela é meu grande exemplo”.

 

Inspiração que Michele coloca na prática no atendimento humanizado dentro do hospital de campanha. Para ela a principal recompensa diante dos riscos do coronavírus é poder acompanhar a alta dos pacientes e ver a felicidade dos seus familiares.

 

 

 

“Vale a pena todo o sacrifício que estamos fazendo. A recompensa pode não vir em dinheiro, mas em gratidão. Para mim, é muito gratificante. Não tenho como não me emocionar quando a gente entrega um pai, um filho ou uma mãe para alguém”, falou emocionada.

 

Enfermeira há 21 anos, Edinéia Wanzeller já atuou em todos os prontos-socorros da cidade e também trabalha no hospital geral de Boa Vista (RR). Por conta da pandemia, retornou a Manaus para atuar no hospital de campanha do município. A enfermeira tem um filho de 26 anos, estudante de medicina.

 

“Essa pandemia é diferente de tudo que eu já tinha visto. Meu medo maior é de levar algo para dentro de casa, para meu marido e meu filho. Eu fico em um local separado, uso máscara dentro de casa, peço para não se aproximarem de mim. Não tem abraço, aperto de mão. Só nos olhamos de longe, tudo com maior cuidado. Apesar disso, não tenho medo de trabalhar, porque eu sei que os pacientes precisam da minha ajuda e isso é gratificante para mim. Neste domingo de Dia das Mães não teremos abraços, nem almoço, nem comemoração, mas só o fato de estarmos vivos, ajudando ao próximo, a cuidar da saúde dos outros, já torna tudo isso inesquecível”.

 

Para a diretora administrativa do hospital pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), a administradora Ângela Santos, mãe de duas filhas de 18 e 25 anos, a agitada rotina de trabalho trouxe também um momento de compreensão dentro de casa. “Hoje preciso muito mais da assistência das minhas filhas em casa. Nesse período de quarentena, em que as aulas e o estágio foram suspensos, elas estão me dando um apoio muito maior, o que faz eu me sentir muito mais segura aqui no hospital”.

 

Segundo o coordenador do hospital e diretor do Grupo Samel, Ricardo Nicolau, este Dia das Mães será diferente para muitos, mas será marcado, da mesma forma, pelo amor e pela solidariedade, apesar do momento difícil, até porque a eventual distância física não pode separar ninguém dos seus entes queridos. “As mães que estão aqui no hospital de campanha, colaboradoras ou pacientes, são merecedoras de todas as homenagens. Estamos todos mobilizados na defesa pela vida”, enfatiza Ricardo Nicolau.

 

O hospital de campanha municipal Gilberto Moraes entrou em atividade no dia 13 de abril e trata exclusivamente de pacientes vítimas da Covid-19. Até agora, o hospital já atendeu mais de 230 pacientes, com mais de 130 altas realizadas. Com capacidade máxima para 279 leitos, hoje o hospital conta com 130 leitos ativos, dos quais 39 UTIs. As obras da unidade seguem em andamento.

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