Finalizando os trabalhos de realocação temporária dos indígenas venezuelanos da etnia warao, a Prefeitura de Manaus transferiu nesta sexta-feira, 8/5, mais 122 refugiados que estavam abrigados no espaço de acolhimento provisório no bairro Alfredo Nascimento, zona Leste da capital. A medida tem por objetivo evitar a transmissão do novo coronavírus, causador da Covid-19, entre as famílias.
Após um mês inteiro de planejamento e trabalho intenso, foi concluído o remanejamento de 569 indígenas venezuelanos, para outros cinco espaços de acolhimento. Todos os remanejados estavam abrigados em um espaço no bairro Alfredo Nascimento. Com o fim da retirada, o abrigo em que estavam alojados foi desativado e não será utilizado pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) novamente.
As equipes de abordagem da secretaria direcionaram o encaminhamento por famílias, que foram transportadas, seguindo os protocolos de higiene da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Em nome do prefeito Arthur Neto, quero fazer o agradecimento às parcerias de tantas instituições importantes, que estão conosco neste trabalho de enfrentamento à pandemia e apoiando o fluxo migratório em Manaus, estamos todos unidos para buscar a proteção dessas famílias e combater esse vírus”, destacou a secretária da Semasc, Conceição Sampaio.
A ação contou com a participação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Organização Internacional de Migração (OIM), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), instituto Mana, operação Acolhida – Exército e secretarias municipais – que somaram forças durante todo o período.
“O Acnur, junto com a Semasc, tem uma parceria de longa data, no apoio aos indígenas venezuelanos, buscando dar uma resposta digna, de acesso as necessidades básicas. Nesse momento de pandemia, não poderia ser diferente. Nós adaptamos tudo, seguindo as recomendações de saúde. Estamos fazendo distribuição de colchões, capas, kits de higiene e mosquiteiros, tudo para garantir a proteção dos refugiados”, destacou Juliana Serra, assistente sênior de proteção do Acnur.
Wila Maria, 32, indígena warao, relatou um pouco sobre a realidade que vivenciava na Venezuela e o motivo de ter buscado refúgio no Brasil. Ela afirmou que desde que chegou em Manaus, conseguiu toda a ajuda que precisava.
“Queremos agradecer primeiro a Deus e também à Prefeitura de Manaus, que está nos ajudando junto com todos. Estamos tendo alimentação, saúde e muitos cuidados. Nossa situação não é fácil, vim para cá buscando ter o que comer e estou conseguindo, cremos num futuro melhor”, disse.
Triagem médica
As famílias passaram por uma triagem de saúde, para verificação de possíveis sintomas do vírus. A organização humanitária internacional Médicos sem Fronteiras esteve com uma equipe técnica realizando o atendimento clínico de adultos e crianças, além de conferir a temperatura.
O acompanhamento continuará dentro dos abrigos. O Médicos sem Fronteiras montou estruturas para higienização das mãos com sabão nos principais pontos de circulação interna nos abrigos e segue dando orientações de higiene e descarte correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos indígenas e servidores.
Espaços temporários
A Semasc atualmente possui seis novos espaços de acolhimento provisórios, localizados em diferentes zonas da cidade, que foram implantados devido a pandemia de Covid-19. Nesses locais são assistidos 624 indígenas, todos recebem atenção redobrada quanto à alimentação (café, almoço e jantar) e higiene diária, com exceção do abrigo do Centro, onde os indígenas recebem kits de alimentação semanal e de higiene.
Os novos espaços de acolhimento provisório onde eles foram alojados não será divulgado, para não expor os refugiados, seguindo as recomendações alinhadas em reuniões com os órgãos envolvidos no processo.