Deputados franceses riram ao saber que o Brasil ainda indica o uso da cloroquina para pacientes diagnosticados com a covid-19. O medicamento não tem eficiência comprovada cientificamente contra a doença, mas integra o chamado “kit covid” recomendado pelo governo federal.
A cena aconteceu ontem, após o primeiro-ministro Jean Castex anunciar a suspensão de todos os voos entre o Brasil e a França por conta do descontrole da pandemia sob o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo o UOL.
Na sessão, Castex respondeu a um deputado que havia questionado as decisões do governo francês em relação ao combate à covid-19 e medidas para proteger os cidadãos do país.
Foi nesse momento que o premiê francês citou, em tom irônico, que uma das coisas que a França não fez foi seguir as recomendações do presidente Jair Bolsonaro. Em seguida, citou a prescrição da cloroquina.
Os parlamentares que acompanhavam a sessão de forma presencial utilizavam máscaras e aplaudiram as declarações de Castex.
No parlamento francês, o primeiro ministro do país cita o Brasil como exemplo de que a hidroxicloroquina não funciona contra a Covid-19 e anuncia a restrição de voos vindo do país.
Ao falar do remédio, arrancou risadas dos colegas. Ao falar da restrição, arrancou aplausos pic.twitter.com/3TqdvryqLz
— Samuel Pancher (@SamPancher) April 13, 2021
Riscos do “kit covid”
Urina escura, inchado e dor são alguns dos impactos gerados no corpo pelo “kit covid”. Os medicamentos indicados pelo Ministério da Saúde para combater a covid-19 não têm eficácia comprovada contra a doença, mas seguem sendo divulgados também pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus apoiadores.
O kit é composto principalmente por quatro medicações: a hidroxicloroquina, a azitromicina, a ivermectina e anticoagulantes. O uso combinado desses remédios é considerado por médicos como uma “bomba” no corpo.
Há registros médicos que ligam a hepatite medicamentosa — doença que afeta o fígado e faz com que o paciente necessite de transplante — ao uso do “kit covid”.
De acordo com os relatos de profissionais de saúde de grandes hospitais do país, o kit pode estar diretamente ligado aos danos graves causados no fígado e nos rins de pacientes que dão entrada nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) após terem utilizado as medicações.