Cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar do general Eduardo Pazuello, que pediu para sair alegando problemas médicos, a cardiologista Ludhmila Hajjar disse, em entrevista publicada há uma semana, que “o Brasil está fazendo tudo errado na pandemia”. Ela também é defensora do isolamento social como forma de evitar o alastramento do vírus e condenou o uso de cloroquina no tratamento de Covid-19, em posicionamentos opostos aos do presidente Jair Bolsonaro. Ela disse ainda não haver, nas três esferas de poder, nenhum político que “fale a língua do povo”.
Ludhmila foi sondada por interlocutores de Bolsonaro, que avalia dar a ela o comando da pasta. Ambos devem se encontrar neste domingo ou na segunda-feira. Após a sondagem, ela apagou a conta oficial que mantinha no Twitter.
“Não era nunca para estarmos em crescimento do número de doentes mortos sendo que o mundo todo demonstra uma queda. O Brasil está fazendo tudo errado e está pagando um preço por isso. Hoje temos um número muito pequeno da população vacinada. Isso tudo tem um resultado hoje catastrófico, que estamos, infelizmente, assistindo no nosso dia a dia. O Brasil já deveria estar hoje com cinco ou seis vacinas disponíveis”, disse Ludhmila em entrevista ao Jornal Opção, de Goiás.
Sem citar Bolsonaro, ela também criticou, de forma veemente, o uso de cloroquina, que não tem comprovação científica para tratamento de Covid-19.
“Sabemos que cloroquina não funciona há muitos meses, que azitromicina não funciona há muitos meses, que ivermectina não funciona há muitos meses. Mas ainda tem esses kits por aí. Tem conselhos que defendem. Tem conselhos que não negam. É uma conjunção de fatores – o não conhecimento e a não adoção de práticas baseadas em evidências científicas – que só coloca a vida das pessoas em risco”, afirmou.
A médica também criticou o afrouxamento, pelo poder público, de medidas restritivas que poderiam ter evitado o alastramento do vírus.