A política de fechar tudo e ficar em casa não deu certo. O povo brasileiro é forte. O povo brasileiro não tem medo do perigo.” Jair Bolsonaro, presidente da República.
Paralelamente, um paciente com síndrome de down que comoveu as redes ao abraçar um enfermeiro para receber oxigênio em Manacapuru (AM), no domingo (24), faleceu nesta quinta-feira (26) por complicações da covid-19.
Emerson Júnior, de 30 anos, aguardou por cinco dias uma vaga em um leito de UTI. A falta de leitos para atendimento no Amazonas, que continua a viver situação sanitária crítica, já se alastra para outros estados; diante da transferência de pacientes, secretários apelaram ao Ministério da Saúde para que avalie a construção de um hospital de campanha com mais de 300 leitos para atender a população amazonense sem sobrecarregar as redes estaduais e municipais.
No entanto, a transferência de pacientes do Amazonas para outros estados ainda pode agravar a transmissão da nova variante do coronavírus. Em entrevista à TV Cultura, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse que a mutação — detectada primeiramente em Manaus — pode provocar uma megaepidemia no Brasil em 60 dias.
“Provavelmente, a gente vai plantar essa cepa em todos os territórios da federação e daqui a 60 dias a gente pode ter uma megaepidemia”, diz Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde
E a vacina?
O Ministério da Saúde tem mais de uma demanda de estados e municípios com que se ocupar: as gestões locais cobram um cronograma detalhado de vacinação contra covid-19; governadores alegam que ainda não foram informados se a União irá arcar com todos os imunizantes ou se os estados devem correr atrás da compra de doses para abastecimento interno.
Ajuda
Ontem, Bolsonaro declarou que o governo fez tudo o que podia para auxiliar a crise no Amazonas ao enviar repasses e recursos financeiros.
No entanto, a plataforma de monitoramento Inteligov aponta que o valor apresentado pelo presidente como destinado ao combate à covid-19, na verdade, equivale a todas as transferências feitas ao estado e não apenas à crise sanitária.
O governo foi alertado sobre o risco da falta de oxigênio em 7 de janeiro. No dia 11, o ministro da Saúde Eduardo Pazuello visitou Manaus, mas não anunciou nenhum plano de resolução. Seus esforços se voltaram para defender o “tratamento precoce” por meio do uso de medicamentos que não têm comprovação científica de eficácia contra a covid-19.