Kim Yo Jong pode ser a nova líder da Coreia do Norte, caso os rumores de que o ditador Kim Jong Un esteja morto sejam confirmados. O atual líder não é visto em público há duas semanas.
A irmã do ditador é a aposta mais firme dos especialistas políticos, que afirmam que Kim Yo Jong já vem sendo treinada e vista com o irmão em suas raras aparições públicas.
Porém, um obstáculo para essa posição seria superar os preconceitos machistas e patriarcais da sociedade na Coreia do Norte. Segundo estudiosos, não apenas os líderes políticos resistiriam à opção de uma mulher no comando, o próprio povo não gostaria de uma mulher-líder. Essa não é uma visão unânime.
A dinastia da família Kim já governa a Coreia do Norte há três gerações. Kim Jon Un sucedeu seu pai e assumiu o controle há 9 anos, ainda com 20 e poucos anos. Sua personalidade violenta logo ficou clara quando mandou executar rivais ao seu poder, o que incluiu um tio e um meio-irmão mais velho.
Os que acreditam que o DNA da família Kim tem mais força, apostam que o povo possa aceitá-la como a nova ditadora. O irmão, Kim Jong Chol, gosta mais de tocar guitarra e não tem nenhum título dentro do governo. Resta então o sobrinho, Kim Han Sol, que segundo consta, teria se exilado no exterior ao se opor à própria família. Há também informações não confirmadas da existência de um filho de Kim Jong Un, com apenas 10 anos de idade, mas não é oficial.
Quem acredita que Kim Yo Jong não conseguirá quebrar a tradição cultural de seu país é o antigo braço direito do ditador, Thae Yong Ho, que rompeu com ele e desertou para Coreia do Sul. Para Yong Ho, o substituto deve ser Kim Pyong Il, o único herdeiro vivo do fundador da Coreia do Norte, Kim Il Sung.
“Os servidores de Kim Jong Un estão na casa entre 60 a 80 anos de idade. Na visão deles, Yo Jong é uma iniciante”, disse Yong Ho em uma entrevista. A visão dele é relevante, mas os mesmos argumentos foram feitos quando Kim Jong Un tomou o poder e ninguém da velha-guarda conseguiu pará-lo.
Quem é a possível ditadora?
King Yo Jong teria nascido entre 1988 ou 1989, e tinha o apelido de ‘princesa’, dado por seu pai. Ela foi educada em colégios internos na Suíça, como o irmão, antes de retornar para a Coreia do Norte. Desde a ascensão de Jong Un, ela é vista sempre ao seu lado. Ela é a responsável pela área de propaganda dentro do Partido Trabalhista, a mesma posição que seu pai teve antes de se tornar ditador.
“Sua ascensão é clara e ela não é considerada ‘uma mulher’, mas sim uma líder legitimada para governar”, disse Chun Yungwoo, um representante da Coreia do Sul na negociação de assuntos nucleares com a Coreia do Norte. “A Coreia do Norte é um dos países mais chauvinistas e machistas do mundo, mas a linha sanguínea supera qualquer status dentro do Partido Trabalhista, inclusive o gênero”, diz.
Legalmente, até onde se saiba, nada impede uma mulher de tomar o poder na Coreia do Norte. A Constituição do país afirma que as mulheres têm os mesmos direitos e status social que os homens, mesmo que não pareça na realidade. O que pode ‘ajudar’ a Jo Yong é o culto sistemático em torno do nome de sua família. Ela já demonstrou autoridade em público. “Ela sabe jogar o jogo”, diz o professor de Direito, Sung-Yon Lee.
Jogando ou não, a história de Kim Jo Yong pode estar apenas começando.