*Paula Litaiff – Da Revista Cenarium
Com a filiação do oposicionista ao governo do Amazonas, deputado estadual Fausto Júnior, ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) do senador Eduardo Braga, confirmou-se rumores sobre a condução do emedebista nas manobras ilegais dos parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam). Braga é tido como candidato ao governo do Amazonas em 2022.
O senador também é apontado por políticos como articulador da vaga vitalícia do presidente da Aleam, Josué Neto, no Tribunal de Contas do Estado (TCE) e visto como “guru” de prefeitos que tentaram reconduzir o prefeito reeleito de Manaquiri, Jair Souto (MDB), à presidência da Associação Amazonense dos Municípios. O pleito está “sub judice”.
Apesar de o MDB ser o partido da aliada do governo do Estado, Alessandra Campêlo, na Assembleia Legislativa do Amazonas, a parlamentar adotou uma conduta independente nos últimos dois anos.
Antigos aliados
Campêlo perdeu nessa terça-feira, 15, a liderança do MDB para Fausto Júnior, que foi convidado por Braga para a função. O deputado mostrou gratidão ao senador pela recepção na nova legenda e admitiu que a aliança entre os dois é antiga.
“O senador Eduardo Braga já era um parceiro, tenho muitas parcerias com ele no interior do estado. E foi muito natural para mim que eu aceitasse o convite para contribuir com o MDB”, afirmou Fausto.
Fausto Júnior saiu do PRTB, o partido do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, após o colega de oposição, Josué Neto, perder a presidência da legenda para o aliado do governador Wilson Lima (PSC), Pastor Nilmar. Josué, também, deixou a sigla e foi para o Patriota.
Poder e ilegalidades
Josué Neto e Fausto Júnior fazem parte do grupo de 16 deputados que atropelou o regimento da Assembleia Legislativo para eleger o deputado Roberto Cidade ao comando do Parlamento para o biênio de 2021/2022.
Os últimos passos dos parlamentares evidenciaram a condução de Eduardo Braga nos bastidores. O plano é controlar todas instituições com alcance e poder político em todo Estado, e para lograr êxito, não importando os meios e os métodos.
O primeiro objetivo foi alcançado. A conquista da presidência da Aleam, para a qual foi escalado o soldado Roberto Cidade. O alvo seguinte foi a Associação Amazonense de Municípios (AAM).
Na sexta-feira da semana passada, dia 11 de dezembro, o mesmo “modus operandi” foi executado na entidade. Desrespeito às regras do jogo para eleger o candidato do líder/mentor da trama, que não resiste mais uma eleição longo do Palácio da Compensa.
Mesmo sem reunir a maioria dos prefeitos, dos 61 que compõem a AAM, elegeram o prefeito de Manaquiri, Jair Souto, do MDB; importante guardar essa sigla na mente, peça do quebra-cabeça que leva ao mentor do grupo na Aleam e na AAM.
Pela “inobservância de vários artigos do estatuto” da entidade, a eleição relâmpago, da mesma forma como foi na Aleam, o juiz Manoel Amaro de Lima suspendeu a eleição para a nova presidência da Associação de Municípios.
‘Toma lá, dá cá’
Por ter sido obediente às regras ditadas pelo mentor político oculto, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Josué Neto – que aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição do Estado para antecipar o pleito da Casa e eleger Roberto Cidade – pode ser recompensado.
O atual presidente da Casa espera ser indicado para a vaga do TCE. A estratégia é antecipar a escolha para esta semana, na penúltima ou última sessão do ano antes do recesso parlamentar.
Hoje, o Tribunal de Contas informou que o pai de Josué Neto, Josué Filho, formalizou sua aposentadoria na instituição, abrindo caminho para a entrada do filho.
Cenário do tabuleiro
Roberto Cidade, presidente que assume o comando da Aleam em 2021, é sobrinho de Orlando Cidade, empresário com origens em Manacapuru, e que também já exerceu o cargo de deputado estadual.
Em governos passados, Orlando Cidade gozou de contratos com o Governo do Amazonas, em especial na gestão de Eduardo Braga, mentor dos pleitos da Aleam e Associação dos Municípios.
Josué Neto e família sempre foram ligados aos governadores da ocasião. O pai, inclusive, Josué Filho, foi alçado ao TCE por esse mesmo mentor político, o jogador oculto que mexe atualmente as peças do tabuleiro com fome de poder, de olho em 2022.