Líderes das 19 maiores economias do mundo e da União Europeia prometeram neste domingo (22) não poupar esforços para fornecer medicamentos e vacinas contra Covid-19, além de testes, de maneira acessível e justa para “todas as pessoas”, um reflexo da preocupação de que a pandemia possa aprofundar as divisões entre ricos e pobres do mundo.
“A pandemia Covid-19 e seu impacto sem precedentes em termos de vidas perdidas, meios de subsistência e economias afetadas é algo sem paralelo que revelou vulnerabilidades em nossa preparação e resposta, e ressaltou nossos desafios comuns”, disse o comunicado final.
As nações do G20 trabalharão para “proteger vidas, fornecer apoio com foco especial nos mais vulneráveis e colocar nossas economias de volta no caminho de restaurar o crescimento, assim como proteger e criar empregos para todos”.
Sobre vacinas, testes e tratamentos, os líderes disseram:
“Não pouparemos esforços para garantir o acesso equitativo e acessível para todas as pessoas”.
No entanto, o Center for Global Development calcula que os países ricos já reservaram 1,1 bilhão de doses da futura vacina Pfizer/Biontech, uma das mais avançadas, de um total de 1,3 bilhão de doses previstas para serem produzidas no ano que vem.
Em sua declaração, o G20 não menciona os US$ 28 bilhões de dólares, incluindo US$ 4,2 bilhões de emergência, exigidos pelas organizações internacionais para combater a pandemia.
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou neste domingo estar “preocupada porque nada foi feito ainda” de concreto para garantir vacinas para os países mais pobres.
Falando de Nova Iorque um dia antes da cúpula, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos líderes para que assegurem que as vacinas sejam disponibilizadas a pessoas de todo o mundo, não apenas aos países ricos que já reservaram grande parte do fornecimento das vacinas.
Ele também ressaltou a importância de mais contribuições para que isso seja feito, além dos US$ 10 bilhões já investidos.
“Este financiamento é fundamental para a fabricação em massa, aquisição e entrega de novas vacinas e ferramentas Covid-19 em todo o mundo”, disse o Sr. Guterres. “Os países do G20 têm os recursos.”
O vírus transformou a cúpula anual, transformando um evento que deveria permitir que a Arábia Saudita hospedasse as grandes potências mundiais em um grande webinar.
A mudança privou o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, 35, filho do rei e governante de fato do reino, a oportunidade de se relacionar com outros líderes globais, o que poderia ter ajudado a melhorar sua reputação internacional.
A Arábia Saudita e o príncipe MBS, como é conhecido, enfrentaram duras críticas pela intervenção militar saudita no Iêmen, pela prisão de manifestantes pacíficos e pelo assassinato do jornalista dissidente saudita Jamal Khashoggi, em Istambul em 2018.
Os críticos sauditas pressionaram os membros do G20 a boicotar a cúpula ou usar a plataforma para falar sobre direitos humanos. Nenhum fez. Diplomatas disseram que a reunião era importante demais para não participar, mas que muitas vezes questionavam de forma privada com os líderes sauditas a conduta do reino em relação a direitos humanos.
O comunicado final da cúpula também abordou os desafios econômicos enfrentados pelos países. A economia mundial sofreu uma forte contração este ano por causa de ações adotadas para conter a propagação do vírus que restringiram o transporte, o comércio e a demanda em todo o planeta.
“Há um reconhecimento claro do G20: se deixarmos qualquer país para trás, todos ficaremos para trás”, disse o ministro das Finanças saudita, Mohammed al-Jadaan, na entrevista coletiva de encerramento.
O rei saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud, 84, disse em seu discurso de encerramento que o grupo “adotou políticas importantes de recuperação que levarão a uma economia resiliente, sustentável, inclusiva e equilibrada”.
Os líderes do G20 afirmaram que, embora a atividade econômica global tenha se recuperado parcialmente graças à reabertura gradual de alguns países e setores, a recuperação foi desigual e altamente incerta.
Eles reafirmaram seu compromisso de usar “todas as ferramentas políticas disponíveis, pelo tempo que for necessário” para proteger vidas e empregos.