Uma grande manifestação contra cortes nos gastos de saúde e educação e pela saída do presidente Alejandro Giammattei reuniu cerca de 7 mil pessoas neste sábado (21) no centro da Cidade da Guatemala. Durante a maior parte do tempo, os protestos ocorreram pacificamente. Houve confronto, porém, quando um grupo de manifestantes incendiou o Congresso do país.
Os manifestantes entraram no prédio do Congresso e invadiram escritórios — como é sábado, todos estavam vazios. Alguns deles, na maioria encapuzados, colocaram fogo nas salas. Não há informação sobre feridos.
Alvo dos manifestantes, o presidente Giammattei pediu o fim da violência.
“Reitero o direito de se manifestar conforme a lei. Mas não podemos permitir que se vandalize a propriedade pública ou privada”, disse.
“Quando se comprovar a participação nesses delitos, todo o peso da lei cairá [a essas pessoas]”, escreveu Giammattei nas redes sociais.
Protesto pacífico no centro
O incêndio no Congresso ocorreu depois de milhares de pessoas lotarem, pacificamente, o centro da Cidade da Guatemala em um dos maiores protestos contra o presidente. Algumas delas levavam bandeiras do país, e muitas estavam usando máscaras como medida para conter o novo coronavírus.
Com apoio da liderança da Igreja Católica na Guatemala, manifestantes protestam contra o orçamento aprovado pelo Congresso — que é de maioria governista — por estabelecer cortes em áreas chave como saúde, educação e acesso aos direitos humanos.
Além disso, a oposição a Giammattei alega que não teve acesso ao projeto, de acordo com a EFE. Para ativistas, a proposta gerará ainda mais desigualdade no país.
O procurador de Direitos Humanos no país, Jordan Rodas, criticou à Associated Press o projeto de orçamento oferecido pelo governo.
“Foi um golpe obscuro às pessoas porque a Guatemala esteve entre desastres naturais, há sinais de corrupção governamental e clientelismo com as ajudas humanitárias”, acusou.
A Guatemala teve um ano especialmente difícil porque, além da pandemia da Covid-19 ter destruído as finanças do país, a temporada atípica de furacões e tempestades tropicais causou danos aos guatemaltecos. Na semana passada, a tormenta Eta soterrou 150 casas na Guatemala, e países próximos como Nicarágua e Honduras também sofreram com os estragos de fenômenos semelhantes neste mês.
Vice pede renúncia do presidente
O vice-presidente da Guatemala, Guillermo Castillo, sugeriu na sexta-feira que ele e Giammattei renunciassem ao cargo para “oxigenar” o país. O presidente nega, e diz que a proposta visa a reduzir os gastos do país e o déficit fiscal, e afirmou que se reuniu com grupos opositores para discutir mudanças no orçamento.
“Diante de diferentes decisões do governo que afetam interesses da população, solicitei ao presidente Giammattei apresentar nossa renúncia irrevogável e que uma instância de notáveis proponha ao Congresso suas respectivas listas”, escreveu Castillo nas redes sociais.
“Insustentável continuar nestas condições”, admitiu o vice.
O conservador Alejandro Giammattei foi eleito em agosto de 2019 com quase 60% dos votos no segundo turno. Em alinhamento com outras lideranças do bloco do Grupo de Lima e com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o guatemalteco tomou medidas como romper relações com o regime chavista na Venezuela e barrar a passagem de migrantes da América Central que seguiam por terra rumo à fronteira do México com os EUA.
* G1