*Rayane Garcia – Dia a Dia On-line
Manaus completa 351 anos, a cidade inteligente, fez grandes mudanças na sua estrutura física e populacional. Atualmente, possui mais 2 milhões de habitantes, sendo a atividade comercial e industrial movimentadores da economia. A cidade, cujo nome descende da Tribo Manaós, traz muita história da transformação do seu povo e daqueles que já passaram por aqui.
Com a ajuda do professor Mrs. Bruno Braga, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutorando pela PUC São Paulo, o Dia a Dia Online conta a história de Manaus.
História
A cidade foi formada ao redor do Forte São José da Barra do Rio Negro com um povoado de índios das tribos Banibas, Barés, Passés e os Manaós.
A instalação do forte tinha como objetivo constituir o poderio da Coroa portuguesa, como estratégia territorial e de defesa de fronteiras, principalmente de domínio do índio, domínio da mão de obra indígena que eram as defesas da localidade. Ele desenvolveu sua função por 114 anos, sendo figura essencial da máquina administrativa e da responsabilidade de manutenção da ordem e do comando de daquele lugar que era a Barra do Rio Negro. A localização é imprecisa, mas as iconografias mostram que o forte foi destruído.
Em 1832, foi elevado à categoria de Vila com o nome Nossa Senhora da Conceição da Barra do Rio Negro. Em 1848 a vila é elevada a categoria de cidade com nome de Cidade da Barra do Rio Negro e somente em 1856 recebe o nome de Manaós, em homenagem a tribo indígena que viva na localidade.
No livro a Ilusão do Fausto, da historiadora Edneia Mascarenhas, a realidade da cidade é mostrada:
“Era marcante a precariedade das ruas estreitas entrecortadas por igarapés. A simplicidade do casario e a exclusividade do pequeno comércio.”
As atividades comerciais, como exportação de óleo, manteiga e carne de tartaruga, peixes salgados, sendo uma tradição histórica do que a gente consome, eram coisas naturais da localidade, os viajantes falavam que Manaus cheiravam a tartaruga, principalmente nos fins de semana.
A partir do século XVIII que a cidade começa a se enquadrar nos padrões de modernidade da época, sendo a cidade centro mundial do látex e que precisava atrair o mercado exterior. Um marco, segundo o historiador, é o aterramento do Igarapé Espirito Santo que hoje é a Av. Eduardo Ribeiro.
O embelezamento da cidade contou com a mão de obra de cearenses, já que havia o mito do “índio preguiçoso”, quando na verdade eles não eram preparados para essa atividade. A primeira leva de cearenses para a região na procura de seringais, que há registros, se deu 1869 quando João Gabriel de Carvalho e Melo levou um grupo de Uruburetama para o baixo Purus. E aí se cria o fluxo de migração nordeste-amazonia, amparada pelo governo na ilusão de prosperidade de vida.
Dessa época temos a criação do Teatro Amazonas, que é hoje é um grande símbolo cultural do estado. Foi criado para entreter os grandes barões da que viviam e esbanjava referências européias e foi inaugurado em 31 de dezembro de 1896, mas só em 7 de janeiro de 1897 o teatro recebeu seu primeiro espetáculo: “La Gioconda”, de Amilcare Ponchielli, encenado pela então famosa Companhia Lírica Italiana.
Da Belle Epoque à Zona Franca de Manaus
As atividades de extração de borracha contribuíram com o desenvolvimento da cidade. Os anos que aconteceram ainda divergem entre os historiadores, mas acredita-se que pode ter acontecido entre os anos de 1879 a 1912. A alta do látex fez com que Manaus chegasse a primeira posição da bolsa de valores e uma das bases econômicas do país.
O declínio é fruto da produção da borracha malasiana, que foi traficada para ser produzida no Oriente que começa a surgir as primeiras levas, levando a borracha da Amazônia começar a ser desvalorizada. Com a implantação da Zona Franca, a localidade volta aos trilhos do desenvolvimento já se preparando para o século XXI.
Evolução nos últimos anos Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Manaus tem uma população de 2.802.014 habitantes. Em 10 anos o crescimento foi mais de 14%. Em função de ser um polo econômico na região, ocorrer um fluxo populacional fortemente proporcionado pelo setor da construção civil, comércio e serviço; a indústria, em outro momento, foi o grande propulsor desse fluxo. Segundo o Cientista Social e professor PhD da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Nonato Pereira, essa população que chegar para morar em Manaus vem principalmente do interior do estado e do Oeste paraense.
As outras histórias de Manaus
Manaus recebe muitas pessoas vindas do interior do Estado e de outros municípios do país que veem na cidade um mercado de oportunidades.
O poeta amazonense Dori Carvalho, conta como foi chegar em Manaus em 1979. Dori nasceu no interior de São Paulo e quando veio para Manaus adotou a cidade como sua. Ele conta que quis contribui com o conhecimento e a sua expansão, principalmente pelo amor aos livros.
“Eu cheguei aqui em dezembro de 1978, vim criar uma livraria de ciências humanas, literatura e arte. Uma livraria de livros, já que as outras livrarias também vendiam livros, mas também vendiam de tudo”.
A cidade desta época para teve um grande crescimento na expansão urbana. Dori conta como o aspecto físico da cidade mudou. “Eu me lembro quando eu fui morar no D Pedro II, as pessoas diziam ‘você vai morar no mato?’, então a cidade meio que acabava ali.”.
Dori, conta que a vivência na cidade da sua vivência de "amor e Raiva" com a cidade fez com que ele não saísse mais daqui. e deseja que que as gerações futuras possam tomar mais cuidado e valorizar essa terra que hoje faz aniversário. "Que as pessoas possam cuidar da cidade com mais amor, essa é a minha utopia", afirma o poeta
