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Potencial do transporte hidroviário da orla em Manaus deve ser explorado, aponta Folha

*Folha de São Paulo

Dono da lancha Santinha, Raimundo Andrade, 63, navega pelos rios do Amazonas desde 1995, quando assumiu como comandante de embarcação na Marina do Davi, terminal hidroviário da zona oeste de Manaus.

O serviço oferecido por Andrade consiste em levar os manauaras do porto até comunidades da zona rural e flutuantes, além de praias próximas. Mas ele acredita que poderia ir além, transportando passageiros ao longo da orla da cidade, que tem 35 km de extensão.

“Os ônibus fazem retornos muito longos, acabam andando muito, gastando combustível quase à toa. No rio não tem retorno, é reto”, afirma.

Apesar do otimismo, Andrade se preocupa com preço da passagem. “Os custos são altos e, se não houver incentivos fiscais, a tarifa ficaria cara demais.” Uma viagem feita por Andrade hoje custa entre R$ 7 e R$ 30. No ônibus, o usuário paga R$ 3,80 em Manaus.

A exemplo de outras cidades como Rio de Janeiro e Porto Alegre, Manaus chegou a receber uma proposta de implementação de um sistema hidroviário em 1975, mas nunca foi levada adiante.

Geraldo Alves, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), concorda com o comandante. “Além dos custos elevados, a necessidade de interligação entre diferentes meios de deslocamento inviabiliza a implantação de um sistema hoje”, afirma.

Uma viagem que começaria de barco no bairro Tarumã até o centro de Manaus, uma distância de 18 km, por exemplo, obrigaria o passageiro, após desembarcar, a encarar uma caminhada considerável até o seu destino ou a pagar mais uma passagem, dessa vez de ônibus, já que a embarcação ficaria parada na orla.

O coordenador da Câmara de Planejamento Urbano do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Manaus (Codese), Pedro Paulo Cordeiro, defende a viabilidade do transporte fluvial.
Para ele, há uma vocação natural para essa modalidade em Manaus.

O transporte de passageiros e de cargas para comunidades e municípios vizinhos por via fluvial é bem comum, afirma. “Lógico que é preciso levantar a viabilidade, os investimentos e a regulamentação, mas com apenas seis estações na orla seria possível integrar quase todas as zonas da cidade.”

Foto: Bruno Kelly/A Crítica/ Folha de São Paulo

Pedro Godinho, 28, analista de tecnologia da informação, mora em Manaus e faz um percurso de 21 km de ônibus do bairro Lagoa Azul até o trabalho, em Vieiralves. Para ele, o transporte seria vantajoso. “Pego no mínimo 40 minutos de trânsito todos os dias. Ir pelo rio seria bem mais rápido e tranquilo.”

Godinho diz que não se importaria em pagar um pouco mais pelo o transporte hidroviário. “Poderia até ser um pouco mais caro do que o ônibus, mas, em relação a qualidade, segurança e conforto, acho que compensaria.”

O Plano de Mobilidade Urbana de Manaus, elaborado em 2015 pela prefeitura, admite a viabilidade do transporte hidroviário urbano e lista bairros e comunidades ribeirinhas que já se deslocam com uso de embarcações. Não há, no entanto, nenhum projeto em andamento. A falta de alternativas de transporte faz com que 600 mil pessoas utilizem o transporte rodoviário diariamente.

 

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