Derek Chauvin, ex-policial de Minneapolis que usou o joelho para sufocar e matar, em maio, o ex-segurança negro George Floyd, foi libertado após pagar fiança de US$ 1 milhão (R$ 5,62 milhões).
Chauvin, 44, é alvo de processo por homicídio com intenção de matar. O assassinato gerou uma onda de protestos pelo fim do racismo e da violência policial nos EUA e em todo o mundo. O ex-agente foi libertado sob condição de não voltar a trabalhar em segurança pública e de não se aproximar da família de Floyd. Também terá de abrir mão de suas licenças para usar armas de fogo.Segundo a agência de notícias Associated Press, ao longo de 19 anos de carreira, Chauvin foi alvo de quase 20 queixas formais e duas cartas de reprimenda. A maioria foi arquivada.
Floyd, um ex-segurança de 1,93 m e pai de três filhos, foi abordado por quatro agentes depois de o atendente de uma loja acionar a polícia acusando-o de tentar utilizar uma nota falsa de US$ 20 (R$ 112, na cotação atual) para comprar cigarros. O vendedor pediu o produto de volta. “Mas ele não queria e estava sentado sobre o carro porque estava terrivelmente bêbado e não se controlava”, disse o lojista, segundo transcrição do telefonema à polícia.
Os documentos de acusação dizem que os policiais encontraram Floyd em um carro azul estacionado, com dois passageiros. Logo chegaram unidades da polícia, e os policiais tentaram colocar Floyd em uma viatura, mas ele resistiu.
“O senhor Floyd não entrou no carro voluntariamente e lutou com os policiais, caindo de propósito, dizendo que não ia entrar no carro e se recusando a ficar de pé”, segundo o documento de acusação.
Durante a abordagem policial, ele teve o pescoço prensado no chão por Chauvin, durante 8 minutos e 46 segundos. Pessoas que passavam na rua filmaram a cena, e um vídeo viralizou nas redes sociais.
Chauvin ignorou não só os avisos de Floyd de que não estava conseguindo respirar como os apelos das testemunhas, que apontavam uso excessivo de força. A frase dita por Floyd enquanto era imobilizado, “eu não consigo respirar”, virou um lema dos protestos que tomaram as ruas nos dias seguintes. Floyd foi socorrido e morreu uma hora depois da abordagem, segundo os dados oficiais.
Os quatro policiais foram demitidos assim que o caso veio à tona. Até agora, Chauvin cumpria pena em um presídio de segurança máxima, e os outros três agentes já haviam sido libertados sob fiança. Em uma audiência em setembro, os réus disseram que usaram força de forma adequada contra Floyd, porque ele estava agindo de modo agressivo. As imagens da ação, no entanto, mostram que o ex-segurança estava dominado no chão e pedindo para ser liberado.
Uma autópsia independente contratada pela família da vítima no início de junho atestou que a causa da morte foi “asfixia mecânica”. Mas o advogado de defesa argumenta que Floyd morreu devido a uma overdose do opioide Fentanyl combinada com uma doença cardíaca pré-existente. A morte do ex-segurança gerou uma onda de protestos que se espalhou por dezenas de cidades dos EUA e outras partes do mundo. Ele foi lembrado em atos na África, na Ásia, na Europa e também no Brasil.
Após a morte de Geoge Floyd ocorreu uma onda de manifestações, nos EUA, contra seu assassinato e também, pelo aumento da violência policial contra a população negra, conhecido como movimento Black Lives Matter. O mesmo ocorreu em cidades europeias, onde o movimento deu origem a uma onda contra estátuas e outras homenagens a figuras históricas ligadas à escravidão.
A morte de Floyd também levou policiais de várias partes dos EUA a rever sua forma de agir e a vetar o uso de estrangulamento durante abordagens.