*Da Redação Dia a Dia Notícia
A Revista Cenarium revelou documentos que apontam que Lidiane Oliveira Fontenelle, mãe da primeira-dama de Manaus, Izabelle Fontenelle, é administradora da empresa Murb Manutenção e Serviços Urbanos Ltda., responsável por contratos que ultrapassam R$ 300 milhões com a Prefeitura de Manaus. Os registros, que ligam a sogra do prefeito David Almeida (Avante) ao empreendimento alvo de ação do Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC), incluem contratos de trabalho assinados em setembro e dezembro de 2022, além de detalhes sobre a contratação e posterior rescisão de um funcionário.
A Murb consta no Diário Oficial do Município (DOM) como responsável por serviços de limpeza urbana, principalmente na Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), com contratos que ultrapassam R$ 300 milhões. Entre os serviços prestados está o “Serviço Especializado em Conservação e Limpeza Urbana de Logradouros Públicos de Manaus”. Dados do Portal da Transparência mostram que, entre 2022 e 2025, a empresa recebeu R$ 323 milhões, divididos em 14 parcelas, sendo o maior pagamento referente ao empenho 380101000012024NE00047, realizado entre março e novembro de 2022, período em que Lidiane já assinava como administradora.
Além da relação com a Murb, Lidiane Fontenelle é proprietária da microempresa L O Fênix, que presta serviços administrativos à Construtora Rio Piorini, outra empresa com contratos milionários junto à gestão municipal. Em agosto de 2024, a Revista Cenarium revelou que a L O Fênix funcionava na mesma sala onde está localizada a empresa da primeira-dama Izabelle Fontenelle, a SKYLine Produções LTDA., conforme dados da Receita Federal.
Inspeção em contratos
Na terça-feira, 23, o Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM) determinou que a Secretaria de Controle Externo (Secex) do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) realize uma inspeção nos contratos firmados pela Prefeitura de Manaus com quatro empresas, incluindo a Murb. A medida atende a um pedido de investigação sobre suspeita de favorecimento relacionada à viagem do prefeito David Almeida (Avante) e da primeira-dama Izabelle Fontenelle à ilha de Sint Maarten, no Caribe, em março deste ano, com indícios de que os custos teriam sido pagos por empresários ligados às prestadoras de serviços municipais.
O parecer, assinado pelo procurador-geral de Contas João Barroso de Souza, classifica a inspeção como “medida adequada” diante da complexidade e da quantidade de documentos a serem analisados. Segundo ele, a investigação busca apurar a eventual procedência de favorecimentos indevidos, considerando legalidade, legitimidade e economicidade dos atos administrativos, conforme prevê o artigo 39 da Constituição do Estado do Amazonas.
No documento, Barroso alerta que os fatos podem configurar atos de improbidade administrativa ou crimes contra a Administração Pública, reforçando a necessidade de uma análise aprofundada das contratações e dos vínculos das empresas com a gestão municipal.
