O governo do Afeganistão anunciou na última terça-feira, dia 1, que os documentos de identificação dos cidadãos do País passarão a ter não apenas o nome do pai, mas também da mãe. A medida foi tomada após articulação de grupos ligados ao direito das mulheres e do movimento #WhereIsMyName (onde está meu nome) nas redes sociais.
De acordo com o The New York Times, a omissão no registro de identidade refletia um problema estrutural e religioso do país, que considera a figura da mulher em locais públicos um tabu e sinônimo de vergonha. Sendo assim, o pequeno passo se torna grande, além de representar o começo para mais mudanças.
Segundo ativistas locais, a misoginia no país é baseada no fundamentalismo religioso, intensificada pelo grupo político Talibã. Representando quase a metade da população, as mulheres ainda passam por situações ofensivas como ter seu nome visto como um insulto. O fato de mencionar o nome da mãe de uma pessoa em voz alta é motivo de briga e nem nos túmulos os corpos de mulheres recebem seus nomes.
O governo islâmico do Talibã, nos anos 90, chegou a manter as mulheres confinadas dentro de casa, tirando seus direitos básicos, como acesso à educação e emprego remunerado. Hoje em dia, a realidade é diferente, já que meninas frequentam escolas e universidades e mulheres integram cargos públicos.