*Da Redação Dia a Dia Notícia
Desde 19 de dezembro de 2023, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), confirmou que não pagaria o abono do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para os professores da rede pública municipal. Ele alega desde então, a “falta de recursos” como culpada pelo calote. A declaração foi feita durante a inauguração da “Central do Empreendedor”, onde Almeida afirmou que a prefeitura recebeu R$ 1,25 bilhão em 2023, uma diminuição de apenas 5% em comparação aos R$ 1,32 bilhão do ano anterior.
“Este ano, recebemos menos que o ano passado. Nós não temos saldo para fazer o abono nesse ano,” justificou o prefeito à época, ressaltando que a gestão priorizou a aplicação dos recursos em benefícios definitivos, como progressões salariais. No entanto, essa escolha gerou o descontentamento entre os educadores, que fizeram diversos protestos para reivindicar o pagamento do Fundeb.
Essa versão não se sustenta pois, ao se comparar o alto investimento em comunicação e publicidade durante a gestão de Almeida. Dados do Portal da Transparência revelam que, até o final de dezembro de 2023, a Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) já havia consumido R$ 605,6 milhões desde o início do governo. Somente em 2024, os gastos devem ultrapassar R$ 150,7 milhões, um recorde histórico para gestões municipais em Manaus.
A maior parte desse valor foi direcionada para propaganda e publicidade em diversos meios de comunicação que apoiam a gestão, incluindo sites, blogs, TVs e redes sociais. Esses investimentos superam os orçamentos de várias secretarias municipais que atuam em áreas essenciais, como ação social e habitação, levantando questionamentos sobre a prioridade dada pela administração.
Além disso, a Semcom enfrenta investigações do Ministério Público do Amazonas (MPAM) por denúncias de irregularidades, incluindo pagamentos suspeitos em dinheiro vivo a portais de notícias. Em um vídeo amplamente divulgado, um homem foi flagrado recebendo dinheiro nas dependências da Semcom, gerando ainda mais polêmica sobre a transparência e a legalidade das operações da secretaria.
A falta do pagamento do abono e a escolha da gestão em investir milhões em publicidade colocam em evidência uma clara disparidade nas prioridades do prefeito Almeida. Enquanto os educadores esperam pelo pagamento justo do Fundeb, a administração parece optar por reforçar sua imagem através de gastos vultosos com comunicação.
Com a insatisfação crescente entre os professores e a pressão pela reeleição, a gestão de David Almeida poderá enfrentar um cenário desafiador para se manter no poder.