*Da Redação do Dia a Dia Notícia
O Rio Negro, um dos principais afluentes do Rio Amazonas, alcançou na tarde desta quinta-feira (3) a alarmante marca de 12,68 metros, configurando a pior seca da história de Manaus pelo segundo ano consecutivo, conforme informações do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Este registro ocorre 23 dias antes do recorde de 2023, quando o rio havia medido 12,70 metros em 26 de outubro.
No mesmo dia do ano passado, o nível do Rio Negro era significativamente mais alto, medindo 15,14 metros, evidenciando uma diferença de 2,45 metros a menos em comparação a 2023. O Porto de Manaus, que monitora as águas do rio desde 1902, deve divulgar a mínima das últimas 24 horas na manhã desta sexta-feira (4), mas as previsões do SGB indicam que o nível das águas pode continuar a cair, possivelmente abaixo dos 12 metros.
A combinação de tempo seco e a falta de chuvas regulares têm exacerbado a situação crítica enfrentada por Manaus e os 61 municípios do Amazonas, todos em estado de emergência. A Prefeitura de Manaus declarou situação de emergência por 180 dias e interditou a Praia da Ponta Negra, após o rio ultrapassar a cota mínima de segurança de 16 metros.
A seca está afetando diretamente quase 750 mil pessoas, o que corresponde a mais de 186 mil famílias. Comunidades isoladas e dificuldades na navegação têm sido algumas das consequências diretas. O impacto se estende também ao escoamento da produção do Polo Industrial de Manaus, levando os navios cargueiros a transferirem suas cargas para balsas com calado menor, o que tem atrasado o abastecimento.
Além disso, a escassez de água afetou o setor educacional. Vinte e nove escolas da zona rural, localizadas ao longo do Rio Negro, encerraram as aulas no final de setembro devido à falta de acesso. Outras 16 unidades no Rio Amazonas continuam com atividades escolares, sendo oito em formato totalmente presencial e oito em sistema híbrido, com o término do calendário escolar programado para 18 de outubro.
A situação é preocupante não apenas para os moradores, mas também para o ecossistema local. A seca tem devastado a orla de Manaus, onde a terra está exposta, revelando um cenário similar ao vivido em 2023, quando o rio “sumiu” e os afluentes e lagos da capital amazonense secaram. Isso afeta diretamente a vida de quem depende do rio para a subsistência.
O SGB divulgou um ranking das menores cotas da série histórica do Rio Negro, revelando que o nível atual de 12,68 metros é o mais baixo já registrado. Entre os dados históricos, destaca-se que em 2010 o rio mediu 13,63 metros e em 1963, 13,64 metros, mostrando que a atual crise hídrica é sem precedentes.