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Blogueiras de Manaus superam desafios emocionais e inovam na criação de conteúdos durante a pandemia

Em entrevista ao Dia a Dia On-line, blogueiras falam sobre uma rotina de dificuldades e superações durante a pandemia
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

*Alice Almeida – Dia a Dia On-line

Com o início da pandemia de Covid-19, o cotidiano de profissionais de todas as áreas precisou passar por adaptações para a sobrevivência no mercado de trabalho. Para as influencers e blogueiras, a situação não foi diferente.

Apesar das barreiras emocionais, a criatividade das criadoras de conteúdo Beatriz Araújo, Amanda Monteiro e Paula Costa, ajudou as jovens adultas de Manaus a aprimorarem as suas marcas pessoais.

Qualidade é tudo

Aos 19 anos, Beatriz Araújo (@bbeatrizaraujo), ou “Bea das makes”, começou a postar vídeos na internet como divulgação do seu trabalho de maquiadora para ampliar a rede de clientes. A sua presença no Instagram começou a se fortalecer quando Bea percebeu o feedback positivo que recebia dos seguidores, por conta do seu diferencial nas makes.

Bea conta que realizou cursos on-line com maquiadores europeus, que adotam formatos diferentes do que é acostumado a se fazer no Brasil e nos países da América. Procurando ressaltar as características do rosto, sem mudar a aparência, Bea viu os seus vídeos e tutoriais crescerem cada vez mais.

“As pessoas começaram a gostar, viram maquiagens diferentes, com formatos diferentes, de uma forma que não mudasse a pessoa sabe? Era diferente do que a gente tinha aqui. E aí eu comecei a ver que as pessoas estavam gostando dos posts que eu fazia ensinando, explicando, ou até só mostrando uma maquiagem diferente. E aí eu comecei a levar a sério e fazer com mais frequência”.

A maquiadora e influencer, agora aos 20 anos e com quase 20 mil seguidores no Instagram, realiza publicidade para diversas marcas locais e nacionais, o que lhe motiva a aperfeiçoar o seu trabalho cada vez mais, com o retorno financeiro das divulgações. “Eu comecei a levar a sério mesmo quando eu fui chamada por algumas empresas para fazer trabalho pra elas, quando eu comecei a fazer publi (publicidade)”, afirma Beatriz.

Hoje, Bea já conta com uma pequena equipe de editores para a criação de conteúdo na internet, tanto para as marcas que lhe contratam quanto para os seus posts pessoais. Só assim ela consegue conciliar os estudos na faculdade de Direito, as clientes de maquiagem, e a presença nas redes sociais: Instagram, YouTube, TikTok e Twitter.

Para Beatriz, conteúdo de qualidade é tudo para um influenciador. Durante o isolamento social, a blogueira observou uma mudança no comportamento dos internautas, que passaram a valorizar o consumo consciente.

“Eu acho que as pessoas passaram mais tempo nas redes sociais, e isso foi muito bom, porque começaram a ter uma consciência maior do que elas consomem nas redes sociais, o famoso consumo consciente”, ressaltou Bea. “Eu falo bastante disso, no sentido de a gente não seguir uma pessoa só porque ela é bonita, mas porque ela tem um conteúdo bacana, e isso é uma nova onda de influenciadores que a pandemia trouxe principalmente”.

Ainda durante a pandemia, Beatriz, chegou a acreditar que os trabalhos iriam diminuir, mas foi surpreendida com a valorização do marketing de influência por parte das marcas e empresas.

“Os trabalhos não pararam de aparecer. Na questão de criação de conteúdo, eu achei que os trabalhos iam diminuir bastante, mas pelo contrário, graças a Deus eu tava enganada e as empresas resolveram realmente investir no marketing de influência”.

A blogueira aproveitou o tempo em casa e produziu um curso on-line gratuito de maquiagem. De acordo com Beatriz, a produção levou à procura de consultorias personalizadas pagas pelas alunas.

“Eu vi uma chance enorme de lançar um curso também. Antes eu não tinha um curso on-line, eu lancei e gravei tudo durante a pandemia. As pessoas estão buscando aprender mais, muita gente comprou curso on-line e eu também fui uma. Quem foi esperto conseguiu tirar um proveito disso também”, destaca.

Ataques na internet

A fotógrafa Amanda Monteiro (@amandamonteirods) também sentiu inspiração para a produção de conteúdos diferenciados durante o isolamento, que no geral foram bem recebidos pelos seus seguidores. No entanto, a blogueira precisou reunir forças ao passar por uma situação de injúria racial e corporal na internet, em uma transmissão ao vivo para uma marca representada por Amanda.

“Essa situação não foi a primeira nem a última que eu vou passar, mas com certeza foi uma das mais impactantes porque eu estava ao vivo. Geralmente quando a gente passa por essas situações são comentários, mensagens, de pessoas sendo inconvenientes”, relembra Amanda. “Eu literalmente não soube o que fazer no momento. Eu pus um sorriso no rosto e falei ‘gente, eu tô encerrando e tal, muito obrigada pelo espaço'”.

Na ocasião, Amanda apresentava uma live da loja de calçados Sapatinho de Luxo, quando começou a receber ataques de cunho racista e gordofóbico por internautas nos comentários da transmissão. Sem saber como reagir, ela precisou finalizar a live muito antes do que planejava, em menos de 20 minutos.

Após a repercussão, ela recebeu apoio de muitas pessoas, até mesmo de blogueiras que ainda não conheciam o seu trabalho. Com ajuda de acompanhamento psicológico, Amanda conseguiu enfrentar a situação de maneira saudável. Para ela, é importante que as empresas locais tenham a consciência de adotar uma diversidade de pessoas para representar a marca.

“É importante a gente dar o choque, claro que é dolorido pra quem tá sofrendo, mas é necessário. […] Eu acredito que são passinhos de formiga, mas as coisas estão mudando e as pessoas também estão com vergonha de se expressar dessa forma, porque tem pessoas avançando e dizendo ‘opa, não é assim'”, pontua.

Apesar das dificuldades, a blogueira também fez um bom uso do tempo dentro de casa. Aproveitando para reformar a sua área de trabalho, Amanda criou uma série de vídeos a qual chamou de “Amandecora”, que gerou uma ótima visibilidade para a sua página.

“A questão da pandemia também mexeu muito com a minha cabeça, e foi complicado se reinventar, repensar em coisas que poderiam ser feitas dentro de casa, porque a maioria dos meus conteúdos eram externos”, lembra a fotógrafa. “A primeira vez que eu bati mais de mil visualizações nos stories foi quando eu comecei a falar de reforma. Quando eu falo de decoração bomba muito, e as pessoas são muito interessadas. Teve gente me marcando porque tava reformando a casa por indicações minhas”.

O crescimento do seu perfil, que só no mês de agosto ganhou mais de 5 mil seguidores, é a realização de um sonho que Amanda tinha desde os 14 anos. Agora, ela está no processo de construção da sua casa própria, e já planeja novos conteúdos para quando chegar na fase de decoração, tema preferido pelos seguidores.

“O Amandecora cresceu e agora eu tô levando pra minha casa. Tô construindo uma casa própria e quando chegar na etapa de pintura, decoração, mobiliário, eu vou retornar com o Amandecora mais forte ainda, com outros parceiros, como o parceiro de tinta que eu já tenho”, finaliza.

Inclusão e autoestima

Assim como Amanda, a designer Paula Costa (@piinkcookie) também já sonhava em se tornar blogueira desde a adolescência. Com incentivo da namorada, Paula aproveitou o tempo livre em quarentena para pôr em prática os seus planos de criação de conteúdo.

“Com a quarentena, como eu tava com muito tempo livre em casa, eu foquei bastante nisso e foi quando a minha página começou a crescer mais voltada para o lado de blog, porque antes era mais pessoal”, conta.

Além do aperfeiçoamento da página, Paula diz que a dedicação a sua marca pessoal contribuiu para manter a saúde mental, em um momento onde as crises de ansiedade e depressão podem se manifestar com mais intensidade por conta do isolamento social.

“Durante a quarentena eu tentei usar o meu Instagram e fazer posts voltados para o amor próprio e conteúdo de beleza, foi uma das coisas que me ajudou a manter uma certa normalidade. Eu me arrumava pra ficar em casa e pra mim mesma, não pra outras pessoas”, afirma Paula.

Como ela mesmo define, Paula cria conteúdo para “grandes gostosas”, ou seja, que incitem o amor próprio principalmente em mulheres fora do padrão de corpo reproduzido como ideal pela sociedade.

“Fazer com que elas notem que elas podem sim se achar grandes gostosas, que elas podem se achar lindas e usar roupas que mostrem pele, como cropped e saia curta”, ressalta a blogueira sobre a principal abordagem da sua página.

É com essa motivação que a designer planeja os conteúdos da sua página pessoal, repleta de tutoriais e dicas que vão desde o autocuidado, como em vídeos de maquiagem e limpeza de pele, até assuntos de moda e receitas para uma dieta vegana.

Entre as suas inspirações, Paula cita a amiga Amanda Monteiro e a também blogueira Raissa Galvão. “Eu me inspiro muito em rappers femininas, porque eu gosto muito da forma como elas falam de sexualidade de forma empoderadora, como a Lil Kim e a Meghan The Stallion, são as minhas favoritas, mas também a Nicki Minaj e Cardi B”, conta.

Ressaltando a moda inclusiva para todos os tamanhos, a designer também administra uma loja on-line de lingeries vintage, na qual vende roupas de produção própria sob medida, além de outras peças garimpadas em brechós.

“Para a loja eu sempre tenho um planejamento mais ou menos do que vai acontecer, a cada lançamento eu já planejo como eu vou fazer as atualizações. […] Eu gosto de ser bem organizada porque eu tenho ascendente em capricórnio, e quanto mais coisa eu consigo organizar, anotar e fazer tudo certinho, com dias certinhos, melhor e mais eu consigo produzir”, finaliza.

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