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Rio Madeira bate sequência de níveis históricos de seca e tem pior julho em quase 60 anos

Foto: Edson Gabriel

*Da Redação Dia a Dia Notícia 

Durante o mês de julho o rio Madeira bateu uma sequência de recordes de seca para o período, com níveis mínimos históricos. No dia 31, a água baixou a 2,45 metros, sendo o nível mais baixo já registrado no último mês desde que o monitoramento passou a ser feito pelo Serviço Geológico do Brasil (SBG).

A estiagem é o principal motivo dos baixos níveis do rio que corta Porto Velho, que está há mais de dois meses sem chuva significativa. Em todo o mês de julho, a capital de Rondônia teve apenas um dia com chuva, acumulando 3,4 mm, uma medição muito baixa. As informações são do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).

O Rio Madeira é um dos maiores do mundo e passa por três países: Brasil, Bolívia e Peru. Neste período do ano, o nível da água deveria estar em torno de 5,50 metros. Ou seja, está aproximadamente 3 metros abaixo do que era esperado para julho.

Segundo o engenheiro hidrólogo e pesquisador em geociências pelo SGB, Marcus Suassuna, dois fatores são determinantes para causar a escassez:

  • Oceano Atlântico Norte mais aquecido que o normal, e mais quente que o Atlântico Sul.
  • Fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa e enfraquecimento das chuvas iniciais do período.

“Em razão de uma estação chuvosa muito pobre, as cheias de 2024 foram abaixo do normal. As vazões do Madeira ficaram abaixo da média histórica, o que explica os níveis mais baixos deste ano”, disse.

A cota média se refere ao nível normal de água que o rio atinge ao longo de um período específico, neste caso, durante o período de estiagem. Já a cota mínima é o nível de água mais baixo que o rio atingiu na temporada.

As mínimas históricas foram registradas em um ponto de monitoramento localizado em Porto Velho. A cidade está em estado de emergência, através de decreto, devido ao “cenário de extrema seca”.

Níveis críticos

Historicamente, outubro e novembro são os meses em que o rio fica mais seco. Em 2023, a estiagem também causou mínimas históricas para o Madeira. O rio desceu para níveis críticos, até chegar a cota de 1,09 metro. O registro aconteceu no dia 5 de novembro, às 4h, e foi o menor nível que o Madeira já chegou em 57 anos, segundo o SGB.

Bancos de areia e montanhas de pedras surgiram onde antes era possível enxergar somente água. Desde então, especialistas já previam uma seca ainda mais extrema em Rondônia em 2024.

No início de 2024, oito municípios do estado já estavam estão em emergência devido aos efeitos da estiagem. Em meados de julho, o Governo Federal publicou uma portaria que reconhece a mesma situação em outras 12 cidades.

Moradores da comunidade brasileira, situada no Baixo Madeira, já enfrentam as consequências da crise hídrica. Mais de nove famílias estão sem acesso a fontes de água limpa depois que secou o único poço da região, com 8 metros de profundidade, segundo informações da Defesa Civil Municipal.

Em Terra Firme, também no baixo Madeira, os moradores que antes já precisavam descer uma longa escada para chegar ao rio, agora enfrentam uma caminhada de quase 30 minutos devido ao surgimento de bancos de areia após a seca do Madeira.

Na região não há poços artesianos ou qualquer outro tipo de água tratada, a população depende de bombas de drenagem. Mas, a distância até o afluente e o comprimento limitado da mangueira dificultam esse processo.

“Com a seca, a distância só aumentou e a mangueira da bomba, de 200 metros, não chega mais porque o rio ta muito seco. É um sofrimento”, relata Maria de Fátima, moradora de Terra Firme.

No início desta semana, a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) declarou “situação crítica” de escassez de recursos hídricos no rio Madeira até 30 de novembro.

No entanto, o rio Madeira não é o único afetado. Conforme a Defesa Civil, sete rios apresentam níveis considerados abaixo da cota média e próximos da mínima histórica para a época do ano, conhecida como o verão amazônico:

  • Candeias
  • Guaporé
  • Jamari
  • Mamoré
  • Machado
  • Madeira
  • Pirarara

De acordo com informações do Censipam, os rios de Rondônia deve atingir um estado crítico e a seca deve ser mais severa neste ano. Além disso, o Atlântico Norte continua aquecendo e isso é motivo de preocupação para os especialistas.

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