*Da Redação do Dia a Dia Notícia
O empresário Durango Duarte fez ameaças ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), desembargador João Simões, e ao Poder Judiciário do estado. Em gravações que circulam na internet, Durango pressiona o Judiciário a cancelar um encontro solicitado por nove institutos de pesquisa eleitoral do Amazonas e proposto pelo presidente do TRE-AM.
Os institutos de pesquisa eleitoral do Amazonas estão enfrentando tentativas de criminalização por parte de alguns partidos políticos, supostamente influenciados pelo empresário Durango Duarte. Essas ações visam desqualificar e restringir a divulgação de estudos eleitorais cruciais para o processo democrático, utilizando suposições e alegações sem base técnica ou jurídica, com o intuito de induzir a corte ao erro.
Durango foi explícito em suas ameaças: “Eu vou destruir essa reunião. Eu vou denunciar o desembargador João Simões por abuso de autoridade e conluio com estudos fraudulentos.”
Entenda o Caso
Durango Duarte é uma figura conhecida na política do Amazonas, tendo acumulado riqueza no setor público ao vender pesquisas eleitorais e promessas. Ele já enfrentou vários processos por fraude eleitoral em suas pesquisas e ficou notório por erros significativos em seus levantamentos. Em 2014, por exemplo, ele previu que Eduardo Braga venceria a eleição para o governo do Amazonas no primeiro turno contra José Melo, o que não aconteceu. Na ocasião, ele perdeu uma aposta de R$ 100 mil para o radialista Ronaldo Tiradentes e suplicou para que o radialista parasse de expor seus erros no programa de rádio.
Em 2022, Durango divulgou que Eduardo Braga estava empatado com Wilson Lima na disputa pelo governo do Amazonas. Este ano, ele decidiu retirar seu instituto de pesquisas do processo eleitoral, dedicando-se a consultorias para partidos políticos e pesquisas internas, como no caso do PL, do pré-candidato Capitão Alberto Neto, conhecido por suas ações contra os institutos de pesquisa eleitoral do Amazonas e supostamente orientado por Durango.
Em resposta às tentativas de criminalização, nove institutos de pesquisa eleitoral formalizaram um pedido de audiência com os desembargadores e juízes do TRE-AM. O objetivo é buscar esclarecimentos e expor a tentativa de interferência eleitoral por parte de um grupo político na corte eleitoral.
O Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) agendou uma reunião para o dia 17 de julho de 2024, às 15h, no Plenário do TRE-AM, a fim de discutir a integridade dos processos e pesquisas eleitorais. O pedido, registrado sob a solicitação 0000242764, foi atendido e encaminhado ao Dr. Marcelo Manuel da Costa Vieira, Coordenador do Comitê de Combate à Desinformação, para organização do encontro.
A reunião foi convocada após recentes eventos e alegações de que certos partidos políticos estariam tentando criminalizar pesquisas eleitorais devidamente registradas, potencialmente induzindo a corte ao erro.
“Diante da relevância da matéria, determino que seja agendada uma Reunião Geral de Combate à Desinformação com os institutos de pesquisa eleitoral, para esclarecer os fatos”, diz o despacho. As autoridades e interessados convidados incluem o Desembargador Airton Luís Corrêa Gentil, Vice-Presidente e Corregedor; Dr. Marcelo Manuel da Costa Vieira, Coordenador do Comitê de Combate à Desinformação; Dr. Rafael Rodrigo da Silva Raposo, Juiz Presidente do Pleito de 2024 na Capital; juízes eleitorais coordenadores da propaganda eleitoral; institutos de pesquisa eleitoral; representantes dos partidos políticos e representantes da imprensa.
Em resposta à reunião, o empresário Durango Duarte ameaçou o presidente do TRE-AM, desembargador João Simões, e outros membros da corte. Áudios contendo essas ameaças circularam nas redes sociais, mas o Tribunal ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.
Após a repercussão do caso, Durango Duarte volta atrás e pede desculpas através da seguinte nota de desagravo:
Gostaria de me dirigir ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas, desembargador João Simões, para expressar minhas sinceras desculpas pelas palavras ditas em uma conversa privada com o jornalista Claudio Barbosa, que infelizmente vazou para terceiros. Em nenhum momento tive a intenção de ameaçar ou desrespeitar o presidente do Tribunal.
Na ocasião da conversa, estava profundamente indignado com o fato de que uma reunião havia sido marcada com um grupo de institutos de pesquisas cujos resultados apresentavam inconsistências, que, de fato, estão sendo provadas na Justiça. No entanto, após refletir sobre o ocorrido e receber mais informações, compreendi que o desembargador João Simões agiu de forma louvável e democrática ao abrir a reunião para todos os entes envolvidos, incluindo juízes eleitorais, partidos políticos e a imprensa.
Minha indignação momentânea não reflete meu respeito e apreço pelo trabalho e pela conduta do presidente do Tribunal Eleitoral do Amazonas. Entendo agora que a intenção da reunião era promover um diálogo aberto e transparente, buscando soluções para as questões apresentadas.
Reitero minhas desculpas ao presidente João Simões e a todos os envolvidos pelo tom inadequado das minhas palavras ditas no calor do momento. Elogio a postura do presidente por fomentar um ambiente democrático e participativo, essencial para o fortalecimento da nossa Justiça Eleitoral.
Durango Duarte