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Praça Dom Pedro II é entregue revitalizada e com acessibilidade

Com mais de mil anos de histórias, numa das áreas do Centro mais antigas da cidade, a praça Dom Pedro II foi entregue completamente revitalizada nessa quarta-feira, dia 12, pelo prefeito Arthur Virgílio Neto. É mais uma ação do projeto “Manaus Histórica”, que tem revitalizado importantes patrimônios arquitetônicos da Manaus da Belle Époque.

“Isso aqui era um sonho. Buscamos reconstruir e ser agente propulsor de uma boa história. Estamos inaugurando essa praça restaurada, com chafariz, e espero que zelem pela beleza e história deste local”, disse o prefeito. “É um passo avançado na revitalização do centro de Manaus. Muitos voltaram a morar aqui quando começamos a valorizar esse espaço. Meu coração pertence a essa cidade e ao centro histórico, um legado do nosso governo que vamos deixar a esta cidade”, completou Arthur.

Até o fim da gestão, mais obras no centro histórico serão entregues, assim como o recapeamento asfáltico de diversas vias, e demais obras dentro dos bairros. De acordo com o prefeito, um reflexo da responsabilidade fiscal do município. “A gente vai inaugurar, nem que sejam quatro ou cinco obras por dia. Eu peço que deem conta. Temos que ter certeza que ocorrerá o emprego correto do capital que foi acumulado por nós, pelo merecimento, com responsabilidade, sem atrasar salários. Hoje temos créditos ilimitados em bancos”, destacou Arthur.

Também participaram da entrega da praça a presidente da Comissão Especial de Paisagismo e Urbanismo e do Fundo Manaus Solidária, a primeira-dama Elisabeth Valeiko Ribeiro; o diretor-presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), Claudio Guenka; o diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura,  Turismo e Eventos (Manauscult), Bernardo Monteiro de Paula; a superintendente do Instituto Nacional de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan-AM), Karla Bittar; além do Quarteto Ajuricaba, que realizou uma apresentação musical no coreto da praça.

Parceira da prefeitura na revitalização da praça, a superintendente do Iphan-AM destacou a importância da obra para a história da cidade. “Essa praça é importante no contexto paisagístico do nosso centro histórico e é uma praça que tem um sítio arqueológico com várias urnas do período pré-colonial, muito importantes também na história da nossa cidade. Ressalto a importância de se fazer obras como essa, no sentido de que se mantém a integridade dos espaços e melhora para o uso contemporâneo”, enalteceu Karla Bittar.

A praça está implantada sobre uma antiga área de sepultamentos indígenas com urnas de mais de 1.500 anos e o projeto de revitalização do arqueólogo Eduardo Neves teve como foco a proteção do material arqueológico existente no sítio, promovendo uma composição gráfica em alusão à presença das urnas cerâmicas no local. As pedras usadas no desenho foram a carranca e o arenito negro.

A acessibilidade também foi priorizada no projeto, que contemplou, ainda, serviços de sinalização, mobiliário urbano, novas instalações elétricas e de drenagem, nova composição paisagística, assentamento de pisos, recuperação de postes do tipo Cajado de São José com lâmpadas de LED e a recuperação total do belo chafariz, que voltou a funcionar depois de anos sem operação.

Os jardins recebem novo paisagismo, uma composição com vários espécimes botânicos, para uma formatação colorida, divertida e destinada à contemplação. “Essa preocupação com o paisagismo é em todas as obras, em todos os canteiros centrais. Demonstramos o carinho pela cidade e, por isso, peço para que cuidem do paisagismo, não joguem lixo na rua e preservem esses espaços que são nossos. Isso é um planejamento de meses e meses. Convido vocês a virem visitar essa praça, que está lindíssima”, ressaltou a primeira-dama Elisabeth Valeiko Ribeiro, presidente da Comissão Especial de Paisagismo e Urbanismo.

História

Para a arqueologia, a praça Dom Pedro II é uma reflexão sobre os palimpsestos na Amazônia. São mais de mil anos de história revelados ao se escavar 30 centímetros sob a superfície. O ambiente é referência dos processos de ocupação das estruturas urbanas situadas às margens dos rios amazônicos, como os grandes Solimões e Negro.

Nos arredores de Manaus, verificam-se inúmeros assentamentos antigos e densos. Os relatos sobre a presença de sociedades complexas na região, hoje identificada como Amazônia Central pelos pesquisadores da arqueologia, remontam ao século 16. O frei Gaspar Cavarjal descreve grandes assentamentos, que se estendiam por até 16 quilômetros às margens dos grandes rios.

Em 1540, Cavarjal fez uma expedição de Quito (Equador) em direção à foz do rio Amazonas, que durou 2 anos e 8 meses, e de onde escreveu o livro “Relación del nuevo descubrimiento del famoso río Grande que descubrió por muy gran ventura el capitán Francisco de Orellana”.

A praça Dom Pedro II era conhecida originalmente como largo do Pelourinho, no período provincial, onde aconteciam as punições em ambiente público, uma vez que se situava nas imediações da cadeia.

Passeio público

 Em meados de 1860, para dar passagem às ruas, hoje conhecidas como Governador Vitório, Visconde de Mauá e Monteiro de Souza, o largo do Pelourinho é dividido e a porção maior recebe o nome de largo do Quartel e porção menor passa a se chamar praça Tenreiro Aranha. No final do século 19, a cadeia velha foi demolida após um incêndio, cedendo lugar ao Palácio Rio Branco, em 1909.

Em 1887, por ordem do presidente da Província, Conrado Niemeyer, foi transferido o coreto para a praça, antes instalado no Passeio Público, nesse mesmo período foram instaladas pedras de lyoz vindas de Lisboa.

Durante a década de 1890, após o aniversário da Proclamação da República, o então largo do Quartel recebeu o nome de praça da República. Nesse mesmo período ganhou uma fonte de bronze e novo ajardinamento.

No início do século 20, no final da primeira década, precisamente em 1907, durante a ampliação do Palácio do Governo, as grades que cercavam a praça da República foram retiradas para mais tarde serem fixadas na fachada sul do mercado municipal Adolpho Lisboa.

Quarteirões

 Antes de receber o nome de praça Dom Pedro II em homenagem ao centenário do natalício do último imperador do Brasil, em 1925, ainda teve os nomes de praça Desembargador Rêgo Monteiro, em 1923, praça da Redenção, em 1924, e praça General Menna Barreto, também em 1924.

Nos quarteirões lindeiros foram erguidos, ao longo do tempo, vários imóveis de valor histórico, como o hotel Cassina, a antiga cadeia municipal, que após um incêndio deu lugar ao Palácio Rio Branco, o Iapetec, o primeiro edifício construído em Manaus erguido na década de 1950, e o já extinto teatro Éden.

Com jardins em formato orgânico, rompendo com as linhas retas e simetria características do estilo francês, bem como também sem uma topiaria marcada, a proposta, na época, era fazer da praça um oásis no meio da cidade, um bosque.

Em 2002, um grupo de arqueologia coordenado pelo arqueólogo Eduardo Neves acompanhou tradagens realizadas em diversos pontos da praça, bem como as escavações para colocação de cabeamento elétrico subterrâneo para a instalação dos postes Cajado de São José.

A praça Dom Pedro II sofreu restauro e melhoramentos em 2010, onde alguns espécimes botânicos foram inseridos nos jardins existentes, sem preocupação com o paisagismo e a composição para contemplação, apenas para proteção dos materiais arqueológicos que afloravam.

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