As denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil na internet bateram recorde em 2023, de acordo com dados divulgados pela Safernetnesta terça-feira (6), data que marca o Dia da Internet Segura.
Ao todo, foram71.867 novas denúncias na Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da ONG. O número representa um aumento de 77% em relação a 2022, quando a central recebeu 40.572 denúncias.
A marca histórica era de 2008, quando a Safernet recebeu mais de 56 mil denúncias. Aquele ano marcou o auge da disputa jurídica do Ministério Público Federal (MPF) com a Google em razão dos crimes reportados no Orkut. A gigante da tecnologia chegou a assinar um acordo para entregar informações dos criminosos às autoridades.
Para o presidente da Safernet, Thiago Tavares, três fatores pesaram no aumento de denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil. “Uma combinação de fatores explicam o aumento: 1) a introdução da IA generativa para a criação desse tipo de conteúdo; 2) a proliferação da venda de packs com imagens de nudez e sexo auto-geradas por adolescentes; 3) demissões em massa anunciadas pelas big techs, que atingiram as equipes de segurança, integridade e moderação de conteúdo de algumas plataformas”, afirma.
A Safernet também chama atenção para os anos de 2020 e 2021, durante a pandemia de Covid-19. Nos dois anos,o número de denúncias bateu recorde em relação a 2009, com 46.019 casos em 2020 e 53.960 em 2021. A ONG explica que o isolamento social resultou em um “aumento no número de dispositivos conectados e no tempo de uso das telas, aumentando também a exposição e interação não presencial entre as pessoas e as denúncias de todos os tipos de crimes à Safernet”.
Denúncias de crimes de ódio
O relatório divulgado pela Safernet também aponta um recorde histórico no total de denúncias únicas recebidas, incluindo outras violações de direitos humanos. Em 2023, foram 101.313 casos. O recorde anterior também era de 2008, quando a ONG recebeu 89.247 denúncias.
Entre os crimes de ódio online, destaca-se ocrescimento de 252,25% de denúncias de xenofobia em relação ao ano passado. As denúncias deintolerância religiosa também apresentaram alta de 29,97% em 2023. Para Tavares, “o crescimento de denúncias desses dois crimes este ano está atrelado ao conflito no Oriente Médio”.
Já os crimes de racismo, LGBTfobia e misoginia apresentaram queda de 20,36%, 60,57% e 57,56%, respectivamente. Os crimes de neonazismo e apologia e incitação a crimes contra a vida ficaram estáveis durante o período.
*Com informações da Revista Fórum