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PF deflagra operação sobre espionagem da Abin contra desafetos do governo Bolsonaro

Deputado Alexandre Ramagem, então chefe da Abin durante o governo Bolsonaro (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
*Da Redação Dia a Dia Notícia

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (25), a Operação Vigilância Aproximada para investigar organização criminosa que se instalou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial. A investigação atingiu o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), chefe da agência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A PF cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais. As diligências de busca e apreensão ocorrem em Brasília/DF (18), Juiz de Fora/MG (1), São João Del Rei/MG (1) e Rio de Janeiro/RJ (1).

A operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023. As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na ABIN e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal.

Anatel

A utilização irregular do sistema de geolocalização já havia sido denunciada à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) por operadoras de telefonia. A Anatel confirmou que “há três processos a respeito do assunto em andamento”, mas que “os documentos estão com restrições de acesso de acordo com hipóteses previstas na legislação”.

Desafetos

Dentre as vítimas de espionagem da Abin por meio do programa First Mile estão o advogado Roberto Bertholdo, desafeto do então ministro e atual senador Sergio Moro (União-PR). Os ex-deputados Rodrigo Maia – então presidente da Câmara Federal – e Joice Hasselmann também estavam na lista. Ambos romperam com o governo Bolsonaro conforme o mandato foi avançando.

A PF também apurou que houve monitoramento ilegal do então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), atual ministro da Educação. Houve também vigilância sobre a promotora do caso Marielle Franco, a preparação de um relatório de defesa para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em meio às acusações de rachadinha e interferência na investigação contra Jair Renan Bolsonaro.

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