O Amazonas deve enfrentar um período de instabilidade climática até fevereiro de 2024, conforme a previsão emitida pelo Laboratório de Modelagem do Sistema Climático Terrestre da Universidade do Estado do Amazonas (Labclim/UEA), por meio do Boletim Prognóstico Sazonal Hidroclimático do Amazonas.

O doutor em meteorologia e coordenador do Labclim, Francis Wagner Correia, explicou que o objetivo do boletim é disponibilizar informações diagnósticas e prognósticas de precipitação, descargas e níveis dos rios, atualizadas que influenciam no padrão da estiagem no Amazonas.  “Nos meses de dezembro e janeiro as chuvas deverão permanecer abaixo da média no leste e norte do Estado, enquanto na região centro-oeste do estado do Amazonas as chuvas deverão ficar dentro da média climatológica”, revelou o professor do curso de Meteorologia da EST/UEA.

Os dados do Boletim podem ser utilizados em diversas áreas, incluindo a navegação, agricultura, indústria, transporte, pecuária, gestão de obras, entre outros setores. Outra previsão do boletim revela que as temperaturas estão acima da média climatológica em todo o Amazonas.

Sobre os níveis dos rios, a previsão indica que as principais sub-bacias do Amazonas experimentarão atrasos na normalização de seus níveis nos próximos meses, com exceção do Rio Madeira, onde é projetado que os níveis permaneçam abaixo da normalidade. Em relação às queimadas, o boletim indica que os déficits de chuva na porção centro-leste do Amazonas e na porção oriental da Amazônia, associado a temperaturas acima da média, podem favorecer a ocorrência de queimadas.

O cientista explicou ainda que diante da gradual persistência das anomalias no oceano Pacífico central-leste e da contínua presença do fenômeno El Niño nos próximos meses, com intensidade moderada, especialmente no início e durante a estação chuvosa na região Amazônica, o prognóstico climático considera também o aquecimento fora do normal no Atlântico Norte.

 

Sobre o Labclim/UEA

O Labclim corresponde a três Sistemas de Processamento Alto Desempenho ‘Cluster Computing’, formados pelos Cluster Tambaqui (CPU), Aruanã (CPU) e Jaraqui (GPU). Esses sistemas (clusters) permitem a integração de modelos físicos – matemáticos que representam o sistema climático terrestre e as suas variações em diferentes escalas espaciais e temporais.

O laboratório fica localizado na Escola Superior de Tecnologia (EST/UEA). A aquisição do Labclim em 2016, financiado com recursos provenientes da Agência Nacional de Águas (ANA), por intermédio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), correspondeu a um marco no desenvolvimento de pesquisas científicas nas áreas Ambiental, Hidrologia, Climática, Variabilidade e Mudanças no Clima, entre outros, realizadas por alunos de graduação e pós-graduação na universidade.

Desde a sua implantação, o Labclim tem sido fundamental na formação e qualificação de alunos ao nível de graduação (iniciação científica e Trabalho de Conclusão de Curso – TCC) e no apoio ao desenvolvimento de dissertação de mestrado e teses de doutorado por alunos de pós-graduação da Universidade do Estado do Amazonas. Além disso, diferentes projetos de pesquisas vêm utilizando a estrutura computacional do laboratório para a geração e processamento dos dados climáticos e hidrológicos na Bacia Amazônica.