*Da Redação Dia a Dia Notícia
O biólogo e youtuber Rodrigo Moraes Hidalgo, responsável pelo laudo que constatou irregularidades para a permanência da capivara Filó no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Manaus, é investigado pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM) pela morte de uma cobra e obter vantagens financeiras com o crime.
A denúncia contra Rodrigo Hidalgo foi apresentada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ibama, tendo como base um vídeo publicado nas redes sociais do biólogo, que mostra uma cobra jararaca sendo morta a pauladas. No vídeo, Hidalgo argumenta que essa seria a única solução para evitar ataques a humanos.
Ao MPAM, o biólogo negou a morte do animal. Porém, no vídeo publicado em dezembro de 2021, que foi retirado do ar, ele explica as motivações para a morte do animal.
“Infelizmente, alguns animais precisam vir a óbito, para proteger pessoas, e também animais de criação […] Se a cobra ficasse ali, eu iria embora pra casa e nos próximos dias poderia picar uma criança ou qualquer outro membro de uma das famílias”, diz.
No relatório do MP, assinado pelo promotor de Justiça Francisco de Assis Aires Argüelles, o texto pontua que a cobra se encontrava parada e enrolada em “clara postura de não atacar”, ou seja, a atitude não foi tomada para defesa pessoal ou de terceiros, o que configura crime.
O investigado ainda imputa a Hidalgo a obtenção de vantagens financeiras pelos delitos, ou seja, pela publicação do ato. A morte da cobra foi caracterizada pelo Ibama como “método cruel de abate“.
“O infrator em questão é dono de uma empresa denominada Manaus Selvagem, sendo assim, fica claro que o vídeo tem a finalidade de promovê-lo e gerar lucro. A Amazônia, como um todo, é considerada área de regime especial de uso. O infrator matou a cobra a pauladas, caracterizando método cruel de abate“, escreveu o Ibama na descrição da denúncia.
Defesa
No documento, a defesa afirma que Hidalgo não estava em horário de trabalho no momento em que registrou a morte da cobra. Além disso, afirma que a morte do animal foi causada por moradores da região que se assustaram com a aparição do animal.
“Na ocasião, ao perceberem que se tratava de uma jararaca, alguns moradores ficaram assustados e mesmo o investigado tentando acalmar a situação, um dos moradores expressou que mataria o animal. O investigado ainda tentou insistir na desnecessidade de ceifar a vida da serpente, mas o morador mostrou-se intransigível“, justifica a defesa no pedindo de arquivamento do caso, onde afirma que as pauladas foram desferidas por um morador.
Apesar disso, o MP justifica que Hidalgo podia ter impedido a morte do animal tendo em vista que possuía a noção de que a morte da cobra configurava crime ambiental. “Ademais, enquanto especialista em vida selvagem, o autor do fato poderia ter acionado os serviços devidos para o resgate do animal que se encontrava no Cacau Pirera, próximo de onde o Batalhão Ambiental da Polícia Militar mantém um controle na Rodovia AM 070, contudo, preferiu fazer a divulgação do ato criminoso, estimulando e incentivando outras pessoas para prática delitiva”, consta no processo.
*As informações são da Agência Cenarium