*Da Revista Cenarium
A busca pelo protagonismo e a preferência do eleitorado digital têm feito cada vez postulantes às eleições municipais buscarem informações voltadas a marketing político e criação de conteúdo. Diante das incertezas sobre o fim da pandemia e o debate sobre o adiamento das eleições municipais, cinco pré-candidatos buscam nichos e por meio dos “palanques digitais” pretendem alcançar o maior número de propenso eleitores nas redes sociais.
Entre as estratégias adotadas pelo delegado João Victor Tayah (PT), está a aproximação com apoiadores e simpatizantes das causas sociais, por meio da educação e humanização da agenda política em lives. “Como professor e delegado estou sempre em contato com pessoas que acreditam na campanha. Nosso intuito é mostrar que a política é instrumento de transformação social, uma ferramenta de luta coletiva e não um meio para angariar poder ou riqueza pessoal. Estamos debatendo em grupos e aproveitando as potencialidades de cada ferramenta virtual”, explica João.
Para a advogada Wanessa Pacheco (Novo) é importante seguir um cronograma pré-definido. “Minha intenção é fazer com que o público me conheça de forma completa e acessível, para isso a neurolinguística é muito importante. Meus esforços devem se concentrar em nichos específicos, com temas que domino. O marketing digital mostrou-se uma das principais ferramentas contemporâneas para engajamento nas eleições, constatamos isso em 2018. Não se faz mais campanha como antigamente, tudo mudou e nós entramos de cabeça na estratégia digital, que será o eixo da campanha”, defende Wanessa.
Experiências
Segundo a professora Renata Moraes (Podemos) a variação de conteúdos e postagens diárias irão contribuir com a identificação do público alvo da estratégia de campanha dela, que concentra conteúdos voltados para área educacional.
“Criei uma fanpage em todas as redes e também estou no YouTube. Faço postagens diárias, apresentando experiências pessoais e abordando temas de relevância para as bandeiras que defendo. Variando os tipos de postagem, usando vídeos roteirizados, lives e compartilhando notícias. Pelo WhatsApp estou interagindo em vários grupos e com linhas de transmissão. Acredito que em função da pandemia e das orientações sanitárias não teremos grandes comícios e aglomerações. Por essa razão essas pessoas devam ser impactadas virtualmente”, analisa a professora.
O empresário do ramo de picolés Gustavo Picanço (Avante) afirma que tem usado a experiência de sucesso pela venda de picolés, para incentivar e tirar dúvidas de jovens e adultos sobre empreendedorismo. Pretendemos organizar futuramente encontros, com o distanciamento permitido de pessoas e todos os cuidados que o momento exige, para orientar pessoalmente essas pessoas. Acredito que o papel de um pré-candidato envolve também acrescentar valores e conhecimentos a seu eleitorado. Não basta apenas desejar apoio, é necessário dar uma contrapartida solidária, que neste caso é meu conhecimento como empreendedor, para que todos possam entender que o empreendedorismo está ao alcance de todos”, declarou.
Já a produtora Michelle Andrews (Psol) diz que a proposta de candidatura digital já era planejada anteriormente e foi intensificada com a pandemia de Covid-19. “A característica da comunicação digital é dinâmica e precisa ser revista constantemente. Podemos dizer que pelo menos de 15 em 15 dias vamos sentar para avaliar e replanejar de acordo com as necessidades. O diferencial será o alcance, nas ruas é fisicamente exaustivo percorrermos todas as zonas da cidade para ouvir a população, algo que é mais facilitado digitalmente. O diferencial é ter canais abertos não apenas para propagar uma mensagem, mas ouvir e receber contribuições. Dessa forma construímos uma pré-candidatura participativa e diversa”, conclui.
Posicionamentos
Nas redes sociais o especialista em marketing político Rodrigo Gadelha, afirma que os pré-candidatos devem estar atentos aos posicionamentos e tendências. “A política afeta a todos. E quando você decide não se posicionar, não participar da política, você está deixando as coisas do jeito que elas estão. A chave da conquista é o posicionamento, nele é como você será percebido pelas pessoas. Não adianta você fugir de sua essência. No Digital, as pessoas vão fazer buscas e ver se você realmente é o que diz ser”, comenta na publicação.
O especialista ainda diz que posicionamento é essencial para envolver os eleitores e que auxilia a engajar pessoas naturalmente. “As pessoas precisam entender e se identificar com seu posicionamento e postura. E como fazer isso? Sendo você de forma real e buscando o seu melhor. Seu foco tem que ser nas pessoas que te acompanham e não naquelas que ainda não te conhecem. Você tem que consolidar sua relação, criar um relacionamento forte para que aqueles te seguem virem agentes de conquista”, detalha.
Gadelha também pondera que os pré-candidatos devem ter atenção ao buscar engajamento. “É necessário ter uma rotina, se relacionar e dar voz. Estimular a participação de cada pessoa. Com mais comentários, respondendo indagações e fazendo com que as pessoas que te acompanham virem fãs. Esse tipo de estratégia traz o sentimento de intimidade e de reciprocidade”, completa a postagem.
Responsabilidade nas redes
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou resoluções para o enfrentamento à desinformação, como a vedação da contratação ou realização de disparo em massa de propaganda eleitoral em plataformas pagas na internet. Caso a informação for comprovadamente inverídica, caberá direito de resposta ao prejudicado ou ofendido. Nesse caso, as sanções penais e multa previstas chega até R$ 30 mil.
Segundo o Relatório de Notícias Digitais do Instituto Reuters, o Brasil possui ao todo 127 milhões de usuários no Facebook, 41 milhões no Twitter e 66 milhões de usuários no Instagram. Já o WhatsApp, é usado por mais de 120 milhões de brasileiros, quase a totalidade dos usuários de internet no País.
As quatro maiores redes sociais assinaram um memorando do TSE, para reiterar o compromisso de combater a desinformação. Dessa forma, visando evitar abusos no período eleitoral, o Facebook, proprietário das plataformas Instagram e Whatsapp, anunciou mudanças nos produtos.