*Da Redação Dia a Dia Notícia
Aproximadamente 75% dos municípios do estado do Amazonas, estão em situação de emergência em decorrência das enchentes severas, que a cada ano se mostram mais fortes. Dos 62 municípios que compõem o estado, 47 estão em situação de emergência, a Defesa Civil aponta que são mais de meio milhão de pessoas afetadas. Nesta quinta-feira (30), a conta do rio Negro é de 29,69 metros.
Em entrevista ao InfoAmazonia, o cientista florestal e pesquisador Jochen Scöngart, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), explicou que o aumento na frequência de cheias históricas tem relação com a crise climática global. A grande quantidade de gases emitidos no mundo gera um acirramento do efeito estufa, que aquece as águas do Oceano Índico e por consequência aquece o Oceano Atlântico.
Com o Atlântico aquecido e o Oceano Pacífico frio, a Célula Walker, que é uma ponte atmosférica entre os dois oceanos, é intensificada, levando mais nuvens até a bacia amazônica. O contraste da temperatura dos dois oceanos é o que gera essa intensificação das chuvas.
O pesquisador explica que a Bacia Amazônica concentra 20% de toda a água doce do mundo. O fato dela apresentar massivas mudanças no regime hidrológico com cheias severas é um sinal de alerta para o mundo.
“Isso coloca as políticas públicas numa situação desafiadora, porque os governantes precisam reagir para mitigar os impactos dessas cheias, que provocam a perda de bens e afetam a saúde das populações que vivem em situações críticas […]”, explicou.
Dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), mostram que a região Norte representa 60% do carbono liberado pelo Brasil, e que os 10 municípios que mais emitem gases do efeito estufa, oito estão na Amazônia. O motivo seria o desmatamento da floresta, que leva as árvores a emitirem CO2, além das queimadas na região.
Porém, o Brasil não é o maior responsável pelos danos causados ao clima, e mesmo se cumprisse as metas de redução de gases, o Amazonas ainda sofreria com as enchentes. O esforço para diminuir a frequência das grandes enchentes precisa ser global.
“A gente não pode esquecer que os maiores emissores são os países desenvolvidos como Estados Unidos, China, União Europeia. Claro que o desmatamento também contribui para os aumentos do efeito estufa, mas precisa ser um esforço global para reduzir os impactos das mudanças climáticas que estão se manifestando nas maiores bacias do mundo”, pontua Jochen.
*Com informações do InfoAmazonia