A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde da Assembleia Legislativa do Amazonas ouviu na tarde desta terça-feira, dia 16, o depoimento de Fábio José Antunes Passos, o sócio-proprietário da FJAP Cia. LTDA, empresa que vendeu 28 respiradores ao governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), por quase R$ 3 milhões.
Em depoimento, Fábio Passos disse que o dono do supermercado Big Amigão, Cristiano Cordeiro, preso em 2016 na operação ‘Saúva’ da Polícia Federal, emprestou dinheiro para ele comprar os ventiladores pulmonares fornecidos à Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas (Susam). “Ele é meu amigo pessoal e se sensibilizou com a minha história”, completou o dono da adega”, declarou.
Questionado pelo deputado Delegado Péricles (PSL), presidente da CPI, sobre como conseguiu quase R$ 2,5 milhões em poucos dias, Fábio Passos mencionou Araújo. “Fui ao banco, que falou do tempo, que eu devia dar alguma garantia”, explicou o dono da adega. Em seguida, ele disse ter recebido um empréstimo, em sua conta pessoal, por meio do Big Traing, do “senhor Cristiano”.
Fábio Passos falou, em depoimento, sobre o histórico da FJAP:
“Minha empresa tem 19 anos, 99% das cotas são minhas e minha irmã tem 1%. Eu sou sócio administrador da FJAP. O nome são minha iniciais. Nunca fui processado, minha empresa é idônea. Mudei a sede para outra empresa, que é uma loja de vinhos. Ao longo desses 20 anos de empresa, eu nunca pensei que isso fosse acontecer. A empresa importadora é uma e a empresa de vinhos é uma outra. Todos os órgãos deram autorização para as empresas funcionarem. Fizeram uma maldade comigo, com minha família, com os funcionários e parentes, ao vincular a vinheria a FJAP Import, que já atua no ramo há 19 anos. A vinheria tem três anos”, disse o sócio-proprietário.
Antes de vender 28 ventiladores pulmonares ao Estado por quase R$ 3 milhões, a empresa de vinhos havia comprado, por quase R$ 2,5 milhões da Sonoar, empresa que ofereceu o menor preço, mas foi preterida da licitação, conforme apurado até o momento pelos deputados que participam da CPI.
De acordo com o presidente da CPI, deputado estadual Delegado Péricles, a alteração do nome fantasia no momento que estourou o escândalo da compra de respiradores no Amazonas, o recebimento duas horas após a entrega parcial e, ainda, o empréstimo de R$2 milhões – mesmo diante da pandemia – para compra dos equipamentos foram alguns pontos questionados pelos parlamentares.
“O senhor Fábio apresentou inúmeras contradições durante depoimento. Mudar o nome fantasia e dizer que não sabe qual era antes da alteração, dizer que não conhecia qualquer pessoa e que foi escolhido apenas por meio de entrega de cartão de visita à Susam e receber duas horas depois, com dinheiro de um amigo que se solidarizou com ele em pleno momento de pandemia? É claro que há contradições e fatos não esclarecidos nesta compra”, afirmou o presidente da CPI.
O sócio-proprietário, de acordo com o deputado estadual, entrou em contradição ainda sobre a data de entrega dos equipamentos. “Inicialmente ele disse que entregou e depois recebeu. Depois começou a imputar responsabilidade da entrega para a Sonoar – empresa da qual comprou os respiradores. Já disse que não sabia e não podia assegurar quando foram entregues. Como alguém fornece um equipamento e não acompanha e garante sua entrega?”, questionou Péricles.
Durante reunião, os cinco parlamentares titulares reforçaram o não pronunciamento anterior do empresário e o recebimento em tempo recorde de recebimento do valor do produto, levando em consideração a quantidade de prestadores de serviço que têm prestado serviços ao Executivo Estadual sem receber.
Em segundo depoimento, o senhor Caio Henrique Faustino da Silva, coordenador da Gerência de Projetos da Susam prestou esclarecimentos sobre os trâmites adotados no processo de aquisição dos respiradores.
“O depoente afirmou ter visto tentativa de utilização de seus despachos usados sem permissão para validar outros trâmites e ter sido pressionado a assinar projetos não elaborados pela sua equipe. Se negou e foi exonerado. Sem contar as noites trabalhadas em projetos que no dia seguinte sumiam e dava lugar a novos processos. Isso é grave. Foram graves revelações que apontam ilegalidades nos procedimentos da Susam”, concluiu.