Hoje é o Dia internacional da Síndrome de Asperger e venho aqui apontar importância do diagnóstico precoce. Comemorada neste 18 de fevereiro, a condição costuma se manifestar a partir dos três anos e pode afetar o convívio social e o desenvolvimento da criança. Resultado de uma combinação de fatores genéticos e sociais, estima-se que a cada 110 pessoas no mundo, uma apresenta algum nível de Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo dados do Centro para o Controle e Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos (CDC).
Deste número, cerca de 10% dos diagnósticos são da Síndrome de Asperger — condição descrita pela primeira vez em 1944 pelo pediatra Hans Asperger.
A Síndrome de Asperger costuma manifestar sinais claros a partir dos três anos de idade, mas não é incomum que casos sejam descobertos na pré-adolescência.
Um dos principais sinais é a dificuldade de interação do paciente com outras pessoas, sobretudo aquelas que não convivem com ele. Isso, porque essa é uma condição do neurodesenvolvimento, que muda a forma como as pessoas veem e compreendem o mundo. Por fazer parte do autismo, essa síndrome pode afetar não apenas a socialização, mas a comunicação do indivíduo, além de manifestar padrões de comportamento restritos e repetitivos.
Os pacientes costumam sentir o mundo de forma esmagadora, o que aumenta o nível de ansiedade e como a pessoa reage aos estímulos sociais, o que pode prejudicar o desenvolvimento do paciente em determinadas áreas. É devido a isso que o diagnóstico precoce é fundamental para que a criança leve uma vida normal e de bem-estar, já que a Síndrome de Asperger é um quadro para a vida, ou seja, é uma condição que não pode ser curada, apenas tratado de forma multidisciplinar.
Geralmente os portadores têm dificuldade em interpretar linguagem verbal e não verbal, como gestos ou tom de voz, outros têm compreensão muito literal da linguagem. No geral, não conseguem compreender quando utilizamos palavras com dupla interpretação como, por exemplo, a expressão ‘que mulher gata’. É muito difícil para eles compreender que a palavra gata, nessa situação, significa uma forma de beleza e não um animal. Eles geralmente acham difícil usar ou entender o duplo sentido, ou seja, variações de entonação de voz, deboche, gozação, ironia e conceitos subjetivos são de difícil compreensão para eles.
Adequações no cotidiano
Por não se tratar de uma doença e sim de uma condição, o “tratamento” da Síndrome de Asperger tem como objetivo melhorar a convivência e a qualidade de vida de seu portador. Para os pais, o alerta é que quanto mais cedo a síndrome for detectada e cuidada, melhores serão os resultados. Exclusivamente com o acompanhamento de profissionais, a qualidade de vida de seu filho tende a ficar melhor.
O diagnóstico é dado a partir de uma avaliação neuropsicológica por meio de um teste de observação, no qual o psicólogo e/ou outro especialista avalia situações comportamentais, emocionais, de memória e de socialização. A consulta com um psiquiatra também pode ser eficaz, a depender da característica apresentada. “Em determinados casos o profissional pode receitar medicamentos que podem diminuir algumas características mais acentuadas como irritabilidade, agitação e hiperatividade.
Além do acompanhamento profissional, a forma como as pessoas da convivência do paciente lidam com o cenário também é primordial para uma melhor qualidade de vida. Embora a sociedade discuta com mais frequência a Síndrome de Asperger, é comum que pais de crianças e adolescentes ainda tenham muitas dúvidas acerca do transtorno e, consequentemente, dificuldade de lidar com a situação.
Por isso, o apoio de quem convive com um Asperger é muito importante e fundamental para uma vida mais tranquila. Os pais, familiares e professores também têm um papel fundamental no tratamento. É importante que os tutores entendam e respeitem o tempo de aprendizado, assim como incentivem a comunicação do paciente com outras pessoas. Conversar de maneira objetiva e visual, para que a criança possa entender melhor, bem como programar e preparar a pessoa para uma mudança de rotina também minimiza a ocorrência de estresse e crises.
Por Samiza Soares
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